Mostra Triunfo da Cor traz mestres do pós-impressionismo ao CCBB

Exposição conta com 75 obras-primas dos museus d’Orsay e l’Orangerie de Paris

Por Renata Magalhães
Atualizado em 2 jun 2017, 12h03 - Publicado em 16 jul 2016, 01h00
O Triunfo da Cor
O Triunfo da Cor (Patrice Schmidt/Musée dOrsay/Divugação/Divulgação)
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Localizado à margem esquerda do Rio Sena, em Paris, do lado oposto ao Louvre, o Museu d’Orsay é um portento da história da arte. Sob o teto de uma antiga estação de trens, descortina-se uma coleção espetacular de mais de 2 000 pinturas e cerca de 600 esculturas e objetos de arte, basicamente ligados aos movimentos impressionista e pós-impressionista, que fazem do lugar o terceiro museu mais visitado da França e o décimo do mundo. A partir de quarta-feira, 20, os cariocas e visitantes que virão à cidade para os Jogos Olímpicos poderão ter uma amostra desse fenomenal acervo a partir de O Triunfo da Cor, que ficará em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil até outubro. Com foco nos mestres da vertente pós-impressionista, a exposição agrega ainda peças do Museu de l’Orangerie, sediado em um prédio histórico da Place da la Concorde e coligado ao D’Orsay, com um total de 75 obras-­primas de 32 artistas, entre eles Paul Gauguin, Vincent van Gogh, Henri de Toulouse-Lautrec e Paul Cézanne. “É uma oportunidade única para as pessoas, que podem entrar em contato com um acervo internacional. São nomes consagrados, que por si só já revelam a importância do que será apresentado”, afirma Fabio Cunha, diretor do CCBB.

Produto de um investimento de 14 milhões de reais — e com valor incalculável no que diz respeito às obras envolvidas —, a exposição desembarca no Rio depois de uma bem-sucedida passagem por São Paulo, onde teve 150 000 visitantes. As peças que cruzaram o Oceano Atlântico foram escolhidas meticulosamente por uma curadoria de peso, formada por Guy Cogeval e Isabelle Cahn — presidente e curadora do Museu d’Orsay, respectivamente. A eles, juntou-se o espanhol Pablo Jiménez Burillo, diretor cultural da Fundação Mapfre, e o resultado é um conjunto pictórico que traça um panorama completo sobre o movimento. Cunhado pelo crítico e professor de arte inglês Roger Fry, o termo pós-­impressionismo, ainda que vago, agrupa um tipo de arte que rompeu os padrões vigentes de sua época (as últimas décadas do século XIX e a primeira do XX) e basicamente manifesta o desejo de ruptura de artistas de uma mesma geração. Com o objetivo de ultrapassar uma escola claramente estabelecida, no caso o impressionismo, eles se propuseram a dar um passo além no caminho rumo ao abstracionismo. Em comum à estética das obras, como descreve bem o título da exposição, está o uso da paleta de cores em sua máxima potência. Os quadros refletem o estudo do chamado círculo cromático, padrão desenvolvido na França no fim do século XIX. “São obras muito alegres, que atraem o olhar e convidam a uma maior atenção com relação às pinturas. É o reflexo de um período mais calmo, que leva o observador a parar e pensar sobre o que ele está vendo, algo cada vez mais raro hoje em dia”, explica Roberta Saraiva Coutinho, diretora executiva da Expomus, empresa que organizou o evento e que já trouxe mais de 250 mostras ao país.

QUADRO IMPRESSIONISTAS
QUADRO IMPRESSIONISTAS ()
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A exposição que o visitante verá no CCBB é dividida em quatro módulos e recompõe os principais núcleos em atividade no período em que o holandês Vincent van Gogh desembarcou em Paris, no fim de 1880, atraído pelo movimento de renovação da pintura após o declínio do impressionismo. O primeiro módulo, batizado de “A cor científica”, explicita justamente essa busca. Em seguida, vem “No núcleo misterioso do pensamento”, baseado nas obras de Paul Gauguin e na Escola De Pont-Aven e sua proposta de uma nova maneira de representar o mundo. A terceira parte é chamada de “Os nabis, profetas de uma nova arte”, que apresenta o trabalho de jovens pintores influenciados por misticismo e religiosidade, dentre os quais se destacaram Édouard Vuillard e Felix Vallotton. A quarta, “A cor em liberdade”, faz uma espécie de antecipação do que será a arte moderna. Uma curiosidade fica por conta da presença, nessa última série, de um único quadro de Claude Monet, chamado Salgueiro Chorão. Referência do impressionismo, o artista das ninfeias e dos jardins de Giverny deixa clara nessa tela a sintonia de suas derradeiras obras com as da nova escola. A técnica utilizada nas pinceladas pós-impressionistas, aliás, também é desvendada em vídeos que amplificam ao máximo os pixels das telas, ajudando, assim, o visitante a compreender cada obra.

A mostra O Triunfo da Cor dá continuidade ao projeto iniciado por Impressionismo: Paris e a Modernidade. Com mais de meio milhão de visitantes, a exposição de 2013 tornou-se a mais vista do mundo naquele ano e continua ainda hoje a ser referência no país. Assim como tem acontecido em todo evento desse tipo, as tradicionais filas na porta do CCBB, termômetro do sucesso, devem se repetir. A quem não quiser esperar, a organização recomenda o agendamento virtual gratuito da visita por meio do site Ingresso Rápido ou do aplicativo oferecido pelo próprio centro cultural. Afinal, não é sempre que Van Gogh, Gauguin, Cézanne e companhia vêm passear no Rio. ■     

O Triunfo da Cor
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