Um musical campeão
Indicada em seis categorias do Prêmio Shell, peça reafirma o talento de Gustavo Gasparani
Na mesma semana em que o Brasil deu adeus ao sonho do hexa mundial, o ator, autor e diretor carioca Gustavo Gasparani teve motivos para celebrar o futebol. Divulgada na segunda passada, a lista inicial dos indicados do Rio ao Prêmio Shell, o mais festejado do teatro, citava seis vezes o seu musical Samba Futebol Clube ? o maior número de menções entre os candidatos. Habilidosa costura de situações que envolvem jogadores e torcedores, a peça, em cartaz no CCBB até esta segunda (14), é embalada por canções e textos sobre o esporte, vá lá, mais amado do país. Indicado pela autoria e pela direção, Gasparani também viu a montagem ser lembrada por figurino, luz, música e ainda em uma categoria batizada de inovação ? esta para todo o elenco, que, segundo o júri, “tornou possível a renovação da estrutura do musical através de sua capacidade de atuar com excelência nas diversas funções do gênero”. Trata-se da reafirmação da qualidade que Gasparani vem injetando em um trabalho desenvolvido desde 2005, quando levou aos palcos Otelo da Mangueira, transposição da obra de Shakespeare para o universo da Estação Primeira. “Passa pela valorização das nossas composições como dramaturgia. A ideia é investir em uma linguagem musical brasileira”, explica.
De lá para cá, Gasparani encenou Opereta Carioca (2008), Oui Oui… A França É Aqui! A Revista do Ano (2009) e As Mimosas da Praça Tiradentes (2012) ? todos como autor e ator, à exceção do último, no qual acumulou também a direção. Empenhou-se na criação de uma dramaturgia em que as letras das canções fossem incorporadas ao texto (em Opereta, as falas eram versos de Paulinho da Viola). Além disso, temas nacionais marcavam presença. Nessa terceira via entre os espetáculos da Broadway e os musicais biográficos dominantes do circuito, ele conquistou o Shell em Oui Oui e em Mimosas, respectivamente como autor e ator. Na próxima edição do prêmio, Gasparani compete pelo texto e pela direção de Samba Futebol Clube, e ainda concorre pela atuação no monólogo Ricardo III. Isso, sim, coroaria a goleada.