Portátil cria uma nova história toda noite
Primeira investida do Porta dos Fundos nas artes cênicas, a peça tem Gregorio Duvivier, Luis Lobianco, João Vicente de Castro e Gustavo Miranda no elenco
No meio teatral, costuma-se dizer que cada sessão de uma peça é única, mesmo quando se trata da mesma montagem. Com estreia prevista para quinta (3), no Teatro do Leblon, Portátil radicaliza esse clichê. Primeira investida nas artes cênicas do grupo de humor Porta dos Fundos, o espetáculo é inteiramente ancorado na improvisação. Não espere, porém, uma sucessão de esquetes, formato mais conhecido desse tipo de encenação por aqui. Em vez disso, o elenco, constituído por Gregorio Duvivier, Luis Lobianco, João Vicente de Castro e Gustavo Miranda, desenvolve a cada noite um enredo inédito de aproximadamente uma hora, com início, meio e fim, criado ali, no ato. O fio condutor para a dramaturgia é extraído de informações colhidas através de perguntas que o quarteto faz aos espectadores sobre a vida deles, nos minutos iniciais da peça. “Queremos mostrar que qualquer história pessoal, até aquela aparentemente simples, pode ser épica e digna de ser contada”, diz Duvivier.
A ideia do espetáculo surgiu da vontade dos integrantes do Porta dos Fundos de desenvolver novos projetos vinculados ao grupo, para além do bem-sucedido formato de vídeos cômicos para a internet, caso do longa-metragem da trupe atualmente em produção e do programa de TV Porta Afora, sobre viagens, exibido pelo Multishow. Nessa diversificação, o teatro estava nos planos. “Após algumas conversas, optamos pela improvisação, porém não queríamos fazer outro Z.É. — Zenas Emprovisadas”, diz a diretora Barbara Duvivier, referindo-se à peça de esquetes que lançou não apenas seu irmão, Gregorio, mas também Marcelo Adnet e Fernando Caruso. O processo de ensaio incluiu oficinas sobre a arte do improviso, nas quais o trio Duvivier, Lobianco e Castro, todos integrantes do Porta dos Fundos, conheceram dois especialistas no tema: o paulistano Marcio Ballas e Gustavo Miranda, colombiano radicado em São Paulo. “Tivemos uma química legal no palco”, lembra Castro. Tanto é que ambos se juntariam ao elenco — Miranda definitivamente, enquanto Ballas fez dez das dezenove apresentações da peça desde a estreia nacional, no fim de maio, em Belo Horizonte. Cada uma delas, reforce-se, radicalmente diferente da outra.