Ultra complicado: a novela do festival eletrônico Ultra Brasil

Versão nacional do maior festival de música eletrônica do planeta, o Ultra Rio Brasil enfrenta problemas com o poder público e está a caminho de seu terceiro endereço

Por Carol Zappa
Atualizado em 2 jun 2017, 11h57 - Publicado em 7 out 2016, 23h26
Ultra Rio Brasil cartaz
Ultra Rio Brasil cartaz (Redação veja Rio/)
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Copa do Mundo, Olimpíada e Paralimpíada não deixaram dúvidas: o Rio de Janeiro passou no teste dos grandes eventos. Centro das atenções mundiais nos últimos anos, a cidade tinha tudo para começar a faturar com essa vocação, mas aí veio a ducha de água fria. Na primeira oportunidade, a coisa deu errado. Alvo de grande controvérsia nos últimos dias, envolvendo autorizações do poder público e sua locação, o Ultra Rio Brasil – braço local do Ultra Music Festival, eleito pela revista inglesa DJ Mag o maior festival de música eletrônica do mundo e presente em 21 cidades de dezenove países – teve sua realização ameaçada. Depois de mudar de lugar duas vezes, o evento, com estimativa de público de 80 000 pessoas em dois dias (14 e 15 de outubro), foi confirmado na Praça da Apoteose. As datas serão mantidas, assim como a estrutura original, com três palcos (adaptados para o local) e sessenta atrações de treze países, mas o estrago deixa marcas.  

Apoteose: esquema de trânsito especial para o show
Apoteose: esquema de trânsito especial para o show ()

Originalmente anunciado para o Parque do Flamengo, o Ultra não obteve autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e acabou transferido para a Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão. Na última segunda (3), com sua monumental estrutura já em estado avançado de montagem, o evento foi embargado novamente pelo Iphan, o Ministério Público e o Ibama. Entre as alegações oficiais figuram preocupações com eventuais riscos à estrutura do Museu Nacional, além de fauna e flora locais, incluindo o vizinho Jardim Zoológico – preocupações louváveis, sem dúvida, mas que deveriam ter sido levantadas há mais tempo. Moradores dos arredores que também se manifestaram contra a realização da megafesta afirmam ainda ter recebido ameaças do público. O clima de incerteza provocou comoção de todos os lados nas redes sociais.

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“Há uma expectativa enorme para esse festival, o local já estava anunciado há meses e a poucos dias da sua realização temos essa surpresa. Esses lugares já receberam eventos maiores de funk e de gospel. É uma falta de respeito com o público. Fica a preocupação com eventos futuros, o sentimento é de que não voltam mais para a cidade”, diz Felipe Martinez, dono de um canal no Youtube sobre festivais de música eletrônica.  Claudio da Rocha Miranda Filho, diretor da MMLive, produtora que tem a concessão do Ultra no Brasil por dez anos, enfatiza  as dificuldades de trazer um evento desse porte para a cidade. “O Ultra é um projeto concorrido, que movimenta a economia e o turismo locais, assim como o Rock in Rio. É uma produção de R$ 30 milhões, atrai muita gente de outros continentes, e merecia ser recebido de forma mais organizada”, conta. “O Rio é uma cidade acolhedora, reúne todas as condições de receber um evento como esse. Depois dos Jogos Olímpicos vivemos uma catarse, uma enxurrada de otimismo. Por isso fizemos muita força para trazer o evento para cá e não para São Paulo, onde já acontecem o Lollapalooza e o Tomorrowland, dois eventos de fora que geram bilhões em suas edições internacionais e vieram para o Brasil. Com todas essas dificuldades dá vontade de ir para outra cidade”, desabafa.

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O empresário alega que ainda há muito desinformação da sociedade e das autoridades em relação ao gênero musical que domina o Ultra Brasil. “As pessoas confundem música eletrônica com festa rave, que tem o estigma de drogas e bagunça. Mas o rock, o samba é até o funk também já sofreram com esse preconceito. Houve uma perseguição, eu creio. Esse embate com o Iphan se deu por questões muito subjetivas, sem espaço para conversa”, lamenta. “Mas o importante é que o festival aconteça”. Entre as atrações aguardadas, estão DJs tarimbados como o inglês Carl Cox (house/techno), o americano Steve Aoki , ídolo da EDM, e o grupo israelense Infected Mushroom, de psytrance — além de estrelas em ascensão, a exemplo dos brasileiros Alok, FTAMPA e Vintage Culture.

SteveAoki__2C (1)
SteveAoki__2C (1) ()
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Leia a nota oficial do evento, divulgada na sexta (7) às 20h40:

Caros fãs do Ultra Brasil,

Após consultas e ampla consideração, a organização do festival ULTRA BRASIL™, que acontecerá nos dias 14 e 15 de outubro, tomou as medidas cabíveis para sua transferência da Quinta da Boa Vista para o Sambódromo do Rio de Janeiro.

ULTRA Worldwide™ se orgulha de sempre cooperar plenamente com as autoridades locais e suas instituições em todos os eventos que realiza ao redor do mundo, a fim de proporcionar a melhor experiência possível aos participantes do festival e à comunidade local.

Localizado a apenas 2.4 Km da Quinta da Boa Vista, o Sambódromo possui acesso fácil por metrô, ônibus e taxi.

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