O Outro Lado da Esperança
Resenha por Miguel Barbieri Jr.
Aki Kaurismäki é o mais famoso diretor finlandês. Aos 60 anos, consegue superar trabalhos anteriores, como O Homem sem Passado (2002) e Luzes na Escuridão (2006), com o belo O Outro Lado da Esperança. Nos filmes de Kaurismäki, a Finlândia parece ter parado no tempo — seja pela direção de arte démodée e pelo figurino vintage, seja pela profunda melancolia dos personagens. Com sua sempre esplêndida direção de fotografia, o realizador não abre mão do bom humor para tocar num assunto extremamente atual e triste. Khaled (Sherwan Haji), jovem refugiado sírio, pede asilo em Helsinque enquanto tenta reencontrar sua irmã, que se perdeu pela Europa. Na outra ponta da história está Wikström (Sakari Kuosmanen), um empresário de meia-idade decidido a mudar de ramo e abrir um restaurante. As duas tramas correm paralelamente até o encontro dos protagonistas. Antes e depois, Kaurismäki tece, com esperteza, uma crônica social temperada de críticas e ironias. Direção: Aki Kaurismäki (Toivon Tuolla Puolen, Finlândia/Alemanha, 2017, 100min). 14 anos.