Paraíso Perdido
Resenha por Miguel Barbieri Jr
Paraíso Perdido é o filme mais maduro, bem-acabado e eficiente de Monique Gardenberg (de Benjamim e Ó Paí, Ó). Embora os conflitos apareçam com intensidade nos minutos finais, fica difícil não se envolver, desde o início, com personagens tão cativantes. Erasmo Carlos, a grande surpresa do elenco, interpreta José, viúvo e dono do night club Paraíso Perdido, onde preconceitos ficam do lado de fora. Trata-se de um lugar idílico para deixar aflorar paixões, como a da travesti Imã (Jaloo), neta de José e atraída por um professor de inglês (Humberto Carrão). Há ainda o drama dos filhos do patriarca: Ângelo (Julio Andrade), cantor que perdeu a mulher amada, e Eva (Hermila Guedes), presa por assassinato. O fio condutor dessa família disfuncional é Odair (Lee Taylor), um policial contratado como segurança de Imã, vítima constante de agressões nas ruas. A trama, de conclusão inesperada, flui deliciosamente, graças, sobretudo, à trilha sonora. No palco da boate, Erasmo, Seu Jorge (intérprete de um motoboy), Julio Andrade (excelente cantor) e Jaloo soltam a voz por repertório romântico (e por vezes brega) que passeia pelas músicas de Odair José, Márcio Greyck, Reginaldo Rossi, Raul Seixas e Belchior, entre outros. Em uma palavra: irresistível. Direção: Monique Gardenberg (Brasil, 2017, 110min). 14 anos.