A discussão muito atual sobre os direitos dos transexuais garante apelo extra ao drama Uma Mulher Fantástica. A ótima sacada do diretor chileno Sebastián Lelio, do tocante Gloria, é pôr o público em conexão direta com o ponto de vista da personagem central, a cantora e garçonete Marina Vidal, interpretada com intensidade admirável pela atriz iniciante Daniela Vega (na foto), também trans. Apaixonada por Orlando (Francisco Reyes), vinte anos mais velho, ela se desespera quando, numa noite, o homem acorda grogue e desaba morto no chão. Marina enfrentará , abalada pelo luto, o preconceito da família do namorado e a truculência policial. Apesar de carregar nas tintas do melodrama para explicitar humilhação e isolamento social, o roteiro, premiado no Festival de Berlim, se redime numa cena final de arrepiar. Direção: Sebastián Lelio (Una Mujer Fantástica, Chile/Alemanha/Espanha, 2017, 104min). 14 anos.