Artistas contemporâneos dão nova vida a discos esquecidos em Os ímpares

Xande de Pilares, Roberta Sá, BNegão e Jota.pe revisitam obras de nomes como Antonio Carlos e Jocafi, Dona Ivone Lara e Sonia Santos em estreia do Curta!

Por Natália Boere
Atualizado em 14 jul 2025, 07h17 - Publicado em 11 jul 2025, 06h00
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Xande de Pilares fez releitura de obra de Sonia Santos na nova temporada de "Os ímpares", do canal Curta! (Pedro Landeiro/Divulgação)
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O ano era 1971, e a bossa nova servia de inspiração para a maioria dos compositores, mas a dupla baiana radicada no Rio Antonio Carlos e Jocafi deu uma guinada em direção à “música de coração partido”. Assim nasceu Você Abusou, uma das canções mais regravadas da música brasileira, com versões nas vozes de Maysa (1936-1977), Daniela Mercury e até mesmo Stevie Wonder, que orquestrou um coro de 100 000 vozes no Rock in Rio 2011.

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“Naquela época, era tudo meio ‘barquinho’, sabe? Quis fazer algo diferente”, conta Antonio Carlos, que à esta altura surpreendeu até mesmo o parceiro. Jocafi havia criado a melodia imaginando uma letra frugal. Resgatar histórias como essa, dando cara nova a obras que não necessariamente atravessaram gerações, é o propósito de Os Ímpares, cuja segunda temporada acaba de estrear no canal Curta!, na Amazon Prime Video e na Claro TV, com produção da Das Minas. “Agora me sinto imortal”, afirma Jocafi. Você Abusou foi regravado pelo paulista Jota.pê e a faixa Deus O Salve, também do disco de 1971, ganhou releitura de BNegão. “É uma felicidade homenagear os reis do suíngue”, celebra um dos vocalistas do Planet Hemp.

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BNegão recebeu visita surpresa de Antonio Carlos e Jocafi durante as gravações (Pedro Landeiro/Divulgação)

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A curadoria do projeto é ousada: engloba faixas de dez discos gravados entre as décadas de 1960 e 1980, desencorajados pela indústria musical da época e que, hoje, revelam-se visionários. Xande de Pilares revisitou O Bom Malandro, do álbum Crioula (1977), de Sonia Santos, cantora que se mudou para os Estados Unidos nos anos 1970. “Eu não a conhecia, mas fiquei encantado, já está na minha playlist. Outro ponto importante é a representatividade. O machismo na música tem que acabar”, defende um dos compositores de Tá Escrito.

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Roberta Sá regravou Dona Ivone Lara com uma banda só de mulheres (Pedro Landeiro/Divulgação)
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Trazer mulheres era uma preocupação dos diretores Isis Mello e Henrique Alqualo. “Antigamente, elas tinham ainda menos oportunidades, quisemos amplificar essas vozes”, afirma Isis. Roberta Sá emprestou seu timbre a Alguém me avisou, do LP Sorriso Negro (1981), de Dona Ivone Lara, primeira mulher a assinar um samba-enredo. “Desde o começo da carreira toco com mulheres e, para essa gravação, fui acompanhada por uma banda 100% feminina”, comemora a potiguar.

 

Além de desvendar bastidores — nesta temporada também há Otto e Leoni regravando Odair José, Nina Becker e Juliana Linhares dando voz a Rita Lee, e Clara Buarque revivendo Sueli Costa —, o programa disseca o processo criativo por trás das regravações. “Parece meio mágico para quem ouve, mas existe toda uma empreitada por trás. Refazer um arranjo não é fácil”, destaca Alqualo.

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Os Ímpares: O diretor Henrique Alqualo, a produtora Veruschka Bauerle, a diretora Isis Mello, a produtora Susana Campos e o diretor musical Felipe Pinaud (Pedro Landeiro/Divulgação)

Outro personagem importante é o estúdio onde a série foi filmada, a Companhia dos Técnicos, em Copacabana, antiga casa da lendária gravadora RCA. Naquele endereço nasceram obras de grandes nomes da música brasileira, a exemplo de Tom Jobim, João Gilberto e Nana Caymmi. O diretor musical Felipe Pinaud explica que tudo foi pensado para apresentar as músicas e os artistas da melhor forma para quem ainda não os conhece. “Além de promover encontros de gerações, queremos que a produção seja um instrumento de descoberta para os jovens”, define. É sempre tempo de desbravar o poderoso baú musical da MPB.

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Lado B: Histórias por trás dos discos revisitados (Editoria de Arte/Veja Rio)
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