De rainha para rainha: Erika Januza entrevista colegas de posto para o GNT
À frente da bateria da Viradouro pelo quarto ano, na TV ela põe em desfile um lado das companheiras do Grupo Especial que vai além da Avenida

O pré-Carnaval de 2025 foi além dos ensaios para Erika Januza: a atriz apresenta a série documental Rainhas Além da Avenida, no GNT, em que conversa com as suas principais colegas do Grupo Especial. “Conheci mulheres completamente diferentes das que eu via na internet. É surpreendente quando a gente vê só fragmentos de vida daquela pessoa e descobre que uma já teve paralisia facial, a outra nasceu depois de um ensaio técnico e que a família da outra reza o terço todos os dias”, conta Erika, que estará pelo quarto ano consecutivo à frente dos ritmistas da Viradouro, a campeã de 2024. A escola de Niterói vai em busca do bicampeonato com o enredo Malunguinho: o Mensageiro de Três Mundos, no domingo de Carnaval.
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O que você descobriu ou aprendeu ao ouvir a experiência de outras rainhas de bateria? Eu conheci mulheres completamente diferentes das que eu via na internet. O fato de você ver só um fragmento daquela pessoa, só momentos de vida daquela pessoa. Quando você conversa e descobre que uma já teve paralisia facial, que a outra nasceu depois de um ensaio técnico. Quando você conversa com as famílias, você vê onde elas moram, isso te traz outra visão delas. Cada dia que eu passei com elas, aprendi uma coisa nova, seja no jeito de se comportar ou relacionada à autoestima. A Lorena Raíssa, por exemplo, a autoestima dela me pegou muito, porque ela é uma menina super jovem e, quando eu tinha a idade dela, eu não tinha metade da autoestima que ela tem. Então, cada uma trouxe para mim algo bem diferente. Estou carregando desde então um pouquinho de cada uma delas comigo. A Fabiola de Andrade me contou uma história de abuso que ela sofria de um namorado. Então, são histórias que a gente não sabe que essas mulheres passaram e que nos aproximam muito das nossas vivências. A família da Mayara Lima reza o terço todos os dias às três da tarde, é uma família muito católica, assim como a minha. Então, cada uma me trouxe uma coisa diferente.
Quais os pontos em comum a todas vocês que você descobriu nas entrevistas? Acho que é o quanto a gente se incomoda com o fato de, às vezes, a mídia pegar fragmentos de um momento nosso. A gente se esforçando, dançando, e às vezes acabam saindo vídeos na internet onde a gente está parada, descansando, ou não está sambando, ou está fazendo alguma outra coisa. Porque a gente não samba o tempo todo, às vezes a música pede para fazer uma outra coisa. E aquele fragmento de vídeo é como se representasse a nossa apresentação inteira. A Viviane Araújo, por exemplo, contou que ela pede para os veículos esperarem. Se ela está descansando naquele momento, ela fala: “não filma, por favor, porque agora eu estou descansando. Quando eu voltar a dançar, você filma”. Então, são pequenas coisas que eu fui aprendendo com cada uma delas. Mas a dificuldade da internet em entender o nosso esforço foi uma coisa que pegou para todas. E o tempo também que a gente se dedica para estar ali, que é muito grande, para a gente começar a se arrumar pra um ensaio. O ensaio é sete horas e a gente não começa a arrumar seis. A gente começa a arrumar quatro, três, quando tem que se deslocar, tem que se maquiar. Algumas moram do lado da quadra, mas outras moram distante, assim como eu, assim como Sabrina, que vem de outro estado. Então, todas se dedicam ali mesmo, por amor, a fazer aquilo ali por amor e estar presente, porque sabe a importância de estar presente.
Você criou o projeto com o José Júnior, seu noivo e produtor da série? Esse projeto é meu e do Vitor Carpe. E aí surgiu a oportunidade de apresentarmos para a Tati Costa, Diretora de Canais Pagos & Conteúdo Globo. O Júnior estava junto nessa reunião e topou produzir através da AfroReggae Audiovisual. Então o Júnior é o produtor, junto com a AfroReggae Audiovisual.
O que motivou a criação da série? Quando eu comecei no Carnaval, principalmente como rainha, eu queria buscar na minha vivência uma experiência diferente, de como eu poderia contribuir para o Carnaval, como eu poderia deixar a minha marca de uma forma diferente. Ou como eu poderia honrar o Carnaval da minha forma. Mesmo eu sendo uma mineira, eu respeito e amo muito o Carnaval. Então como eu poderia deixar o meu legado de respeito a essa história, independente do tempo que eu permaneça nesse lugar, e que cada ano que eu passasse ali fosse de muito respeito. Então eu já fiz algumas homenagens durante os meus anos como rainha. Já homenageei sambas enredos da Viradouro, já homenageei grandes mulheres do nosso Carnaval, já homenageei mulheres fortes que vivem da sua própria arte e usei roupas do artesanato delas.
Perto do carnaval, são muitas matérias e reportagens sobre o tema. Do que sentia falta ser falado? Com as minhas vivências como rainha, a gente sempre falava, será que elas também passam por isso? Será que a roupa delas também rasga? Será que o salto também quebra? Será que elas também ficam enfrentando críticas, mesmo se esforçando tanto? Inicialmente, eu queria fazer isso para minhas redes sociais. Depois a gente começou a ir atrás de algumas pessoas para poder tentar fazer isso virar um projeto maior.
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