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Subvertendo o machismo com humor, Rafaela Azevedo é fenômeno de público

Já visto por 15 000 pessoas, monólogo King Kong Fran é protagonizado por personagem da atriz que faz sucesso nas redes e volta ao Rio em outubro

Por Kamille Viola
Atualizado em 15 set 2023, 10h52 - Publicado em 15 set 2023, 06h00
A atriz Rafaela Azevedo caracterizada como a personagem Fran, com peruca castanha, barba e unhas pontudas
King Kong Fran: a atriz Rafaela Azevedo volta aos palcos com a personagem que faz sucesso nas redes (Nanda Carnevali/Divulgação)
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Menos de um ano após a estreia, o monólogo King Kong Fran alcançou extraordinários 15 000 espectadores. Com ingressos esgotados uma temporada atrás da outra, um feito e tanto para uma produção independente criada a partir de uma vaquinha na internet, a peça retorna aos palcos cariocas com seu formato ousado. No espetáculo, em cartaz no Teatro Riachuelo e no Cesgranrio em outubro, Rafaela Azevedo traz de volta Fran, alter ego da roteirista e palhaça, que aparece ali na pele de uma mulher-gorila.

Ela escapa da jaula e ataca, por assim dizer, os homens da plateia, assediando-os, em uma inversão do papel em geral relegado às mulheres em uma sociedade de machismo ainda arraigado. A inquietação que originou a peça surgiu desde que a artista começou no humor e esbarrou com uma série de piadas preconceituosas — não só machistas, mas também racistas e capacitistas. Resolveu então subverter o padrão. “Peguei aquela narrativa escrita por homens e comecei a jogar contra eles. Fazia eles rirem da própria misoginia. E aí começaram a entender”, lembra.

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Boa parte do público que vai ao espetáculo já conhece Fran, que faz sucesso nas redes. A personagem chegou à internet em 2017 e explodiu em 2021, mas havia surgido uma década antes, após Rafaela sofrer um estupro dentro do consultório de um osteopata, situação que ela relata no espetáculo. Pedro Brício, com quem a atriz divide a dramaturgia e a direção (“ele é parte do meu 1% de homens confiáveis”, brinca), ao saber da história, propôs que ela incluísse o depoimento no roteiro. A atriz relutou até a estreia, em novembro de 2022, quando, ao fim da apresentação, acabou contando, de improviso. E a plateia ficou comovida.

Aos 31 anos, a carioca de Honório Gurgel, na Zona Norte, filha de um taxista e uma dona de casa, comemora sua ascensão financeira por meio da arte: hoje, a peça é sua principal fonte de renda. Com sessões já esgotadas nos dias 7 e 8 de outubro no Teatro Riachuelo (1 000 lugares), tiveram de abrir data extra, e pode haver outras.

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Uma parte do público ainda chega desavisada à peça. Certa vez, um rapaz se desesperou durante uma interação em que Fran dirige homens da plateia em uma cena sensual. Querendo se vingar, tentou tocar no corpo da atriz, que estava com a armadura de gorila. Ele acabou virando motivo de chacota. “Segui a apresentação, sempre fazendo referência a esse constrangimento dele. Conforme eu ia chegando às outras cenas, perguntava se ele estava compreendendo”, diverte-se ela.

Aniela Jordan, responsável pelo Teatro Riachuelo, foi outra que chegou ao espetáculo atraída pelo boca a boca, mas sem saber o que a aguardava. “No início, você fica sem entender. Mas a peça vai te envolvendo e, no final, você compreende completamente”, diz Aniela, arrematando: “Ela é um fenômeno”. Rafaela acaba de ser anunciada como parte do elenco fixo do Porta dos Fundos. Agora, o próximo objetivo é conseguir patrocínio para apresentar King Kong Fran de graça em todo o país. Os machistas que se cuidem.

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