Júri do caso Patrícia Amieiro é adiado e família se revolta: ‘No limite’
Engenheira de 24 anos desapareceu em 2008, após seu carro ser alvo de disparos dados por policiais; quatro PMs são réus por envolvimento em sua morte

Foi adiado de novo, na segunda (10), o júri popular dos quatro policiais militares envolvidos no homicídio da engenheira Patricia Armieiro, que tinha 24 anos em 2008, quando desapareceu após seu carro ser alvo de disparos dados por PMs. A família da engenheira recebeu com surpresa a informação.
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“Muitas das vezes, a família pensa em desistir. Ainda mais nessa situação. Chega na véspera do júri popular e a Justiça não quis ouvir uma testemunha. A gente chegou em um ponto que não temos mais o que fazer, não depende de nós. A Justiça não quer fazer justiça. Chegou a um ponto inacreditável. A gente está muito exausto com tudo isso. Chega a ser revoltante, chegamos no nosso limite”, desabafou o empresário Adryano Amieiro, irmão de Patrícia, ao jornal O Dia.
O adiamento se deve a uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) que impede a inclusão do depoimento de um taxista, considerado pela defesa testemunha-chave. Segundo o recurso do Ministério Público do Rio (MPRJ), a falta da oitiva causaria um “enorme prejuízo” ao processo. No documento, o órgão ressalta que, em janeiro deste ano, o TJ pediu para que o MPRJ fornecesse os dados do taxista para que ele fosse intimado para depor. De acordo com o MP, isso mostra que o depoimento já estava determinado pelo juízo. Somente no dia 7 de fevereiro, três dias antes do julgamento, o Juízo vetou a presença da testemunha na audiência.
Segundo o TJ, o caso será analisado pela 8ª Câmara Criminal, que deve marcar uma nova data. Esse é o segundo adiamento do júri popular. O primeiro aconteceu em junho do ano passado, quando o crime completou 16 anos. À época, o motivo para a remarcação era justamente o surgimento da nova testemunha, o taxista que garantiu ter presenciado o crime dos PMs contra Patrícia. O relato chegou à acusação em 2020.
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Os réus são os PMs Marcos Paulo Nogueira Maranhão e Willian Luís Nascimento, que respondem por tentativa de homicídio. Além deles, os policiais Márcio Oliveira dos Santos e Fábio Silveira Santana serão julgados por fraude processual. Marcos Paulo e Willian já haviam sido condenados em 2019, no primeiro julgamento do caso, pelo crime de fraude processual, mas inocentados das acusações de tentativa de homicídio. A pena deles foi de três anos e 60 dias de prisão pelos sete jurados que participaram do Conselho de Sentença do 1º Tribunal do Júri da Capital.
Relembre o caso
O crime acontece quando Patrícia voltava de uma festa no Morro da Urca, na Zona Sul, para casa, na Barra. Ao sair do Túnel do Joá, o carro dela teria sido confundido com o de um traficante pelos PMs, que atiraram. O caso foi inicialmente tratado como acidente de trânsito, com desaparecimento do corpo, mas passou a ser visto como homicídio após peritos encontrarem marcas de tiros no veículo, que foi encontrado a poucos metros de distância, no Canal de Marapendi. Para o MP, que acusa os PMs, o corpo da engenheira foi retirado do veículo e foi jogado no canal para encobrir o crime. Patrícia foi declarada morta em 2011.
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