Altinha street: como o esporte dominou o asfalto

Longe das praias, a modalidade conquista as ruas em uma versão mais ágil, cheia de manobras caprichadas — e com fôlego para voos internacionais

Por Pedro Coutinho
11 jul 2025, 08h09
Sem deixar cair: modalidade é mais democrática e uma turma carioca se destaca em competições. (Leo Lemos/Veja Rio)
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Era só uma brincadeira entre amigos, lá nos anos 1960, quando a juventude carioca — bronzeada e criativa — resolveu improvisar uma forma de bater bola nas areias da cidade. Como o futebol era proibido nas praias, o jeito foi formar rodinhas para manter a bola no ar, sem deixá-la cair. A prática pegou, virou moda, cruzou gerações e, em 2012, foi reconhecida como patrimônio cultural imaterial do Rio.

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Agora, a altinha ganha um novo cenário: sai da beira-mar e entra nas ruas, quadras e praças da cidade, com uma versão urbana mais dinâmica e cheia de estilo. Beatriz Fernandes, 23 anos, é um dos nomes fortes dessa nova onda. Moradora de Japeri, na Baixada Fluminense, ela trocou os planos de se tornar jogadora de futebol ó frustrados por uma lesão no tornozelo ó pelos treinos intensivos de altinha street, como é chamada a modalidade no asfalto.

Uma vez por semana, Bia é presença certa no Galpão do Engenhão, onde se dedica aos tricks, nome dado às manobras mais elaboradas do jogo. “Na rua, o ritmo é mais dinâmico e menos cansativo. Dá mais liberdade para executar os movimentos”, explica a atleta, que conquistou a medalha de prata no Street Games, campeonato realizado em março, em Saquarema, na Região dos Lagos.

Bia Fernandes: atleta conquistou a medalha de prata no Street Games.
Bia Fernandes: atleta conquistou a medalha de prata no Street Games. (Leo Lemos/Veja Rio)
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Na versão urbana, as regras são simples, mas exigem habilidade: ganha quem mantiver a bola no ar com mais estilo. Vale usar pés, joelhos, ombros e até a cabeça. Só não pode deixar a bola tocar no chão, nem usar os braços ou as mãos. A pontuação aumenta com os movimentos mais difíceis, como cortes rápidos e giros no ar. “Dá para jogar no asfalto, na grama, em quadras ou até em chão de terra batida. É um esporte democrático, que chega a lugares onde a praia não alcança”, diz Paulo Ricart, presidente da Liga Brasileira de Altinha e criador do perfil Altinha FC, o maior do Instagram dedicado à modalidade no mundo.

A proposta de ampliar esse alcance não para por aí. Em 2025, Ricart já se reuniu duas vezes com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para discutir formas de incentivar o crescimento do esporte no país. A meta é ambiciosa: realizar torneios internacionais, com etapas em Portugal, França e Austrália. “A altinha é mais popular do que parece. Tem gente jogando em países como Israel, Japão, Estados Unidos, Espanha e Marrocos  muitas vezes sem nem saber o nome do que está fazendo”, afirma Ricart.

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No Rio, uma nova edição do Street Games já está confirmada para o segundo semestre. Bia Fernandes promete entrar em quadra — ou melhor, na roda — ao lado da parceira Mylena Goulart, 22, moradora de Nova Iguaçu. Estudante de educação física, Mylena é uma das criadoras da página Alta Delas, no Instagram, para atrair mais mulheres para o esporte. “Queremos mostrar que também é lugar de menina. Sonho em fundar uma escolinha de altinha street”, diz. A dupla compartilha treinos, bastidores e conquistas com centenas de milhares de seguidores nas redes sociais.

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Alta Delas: Mylena Goulart é uma das criadoras da página, criada para atrair mais mulheres para o esporte. (Street Games/Divulgação)
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Por enquanto, quem quiser se aventurar é só chegar ó literalmente. Basta aparecer no Galpão do Engenhão numa segunda à tarde e pedir para entrar em uma das diversas rodas que se formam por lá. E se depender de Ricart, o futuro é olímpico: ele já trabalha para que a modalidade figure nos Jogos de Brisbane, na Austrália, em 2032. Mais um passo no movimento que começou com areia nos pés ó e hoje vai, com estilo, do Rio para o mundo.

Do mar ao concreto: onde encontrar rodas de altinha street
Do mar ao concreto: onde encontrar rodas de altinha street. (Montagem: Majoi Aina Vogel/Veja Rio)

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