Os altos e baixos dos desfiles do Grupo Especial na Sapucaí

Divisão em três noites agradou o público, enquanto mesmice nas comissões de frente e problemas no som causaram reclamações

Por Da Redação
Atualizado em 5 mar 2025, 16h03 - Publicado em 5 mar 2025, 14h17
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Grande Rio: com enredo sobre o Pará, escola apresentou espetáculo estético na Sapucaí (Marco Terranova/Riotur)
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Enfim, as três noites de desfiles do Grupo Especial do Carnaval carioca viraram uma realidade.

A novidade veio após 41 anos do espetáculo na Marquês de Sapucaí, até então dividido em duas noites, e ainda precisará de tempo para ser avaliado definitivamente como positivo ou negativo.

Em uma primeira análise, o público aprovou a mudança: as escolas cruzaram a Avenida no escuro e o sistema de iluminação do sambódromo pôde ser bem aproveitado. Além disso, com quatro escolas por noite a maratona se tornou menos cansativa.

A seguir, os altos e baixos do maior show da Terra em 2025.

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Pontos positivos:

Três noites de desfiles.

Quem esteve na Sapucaí em mais de uma noite percebeu que o espetáculo ficou mais dinâmico, apesar do tempo do desfile ter sido aumentado em dez minutos. “Quando a gente vê, já acabou. Não é mais tão cansativo e não passamos mais a noite toda por aqui”, era o que se ouvia pelos camarotes.

Aumento do tempo de ‘esquenta’.

O momento-chave no qual as escolas entram na Avenida e conquistam o setor 1 dobrou de tamanho – agora dura dez minutos. Além disso, toda a Sapucaí consegue ouvir os gritos de guerra e os sambas antigos para aquecer a voz e os instrumentos. Destaque absoluto para o esquenta da Portela, a última escola a desfilar, que trouxer uma versão de Maria, Maria, de Milton Nascimento, em samba. Não teve para ninguém. A belíssima homenagem ao artista, inclusive, também foi um dos pontos altos da Sapucaí em 2025.

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Enredos afro. 

A despeito das críticas do carnavalesco da Vila Isabel, Paulo Barros, os enredos que exaltam as religiões de matriz africana não são todos iguais e nem difíceis de entender. Isso ficou claro em apresentações de altíssimo nível, como as da Imperatriz Leopoldinense, que conquistou o Estandarte de Ouro, do Salgueiro e da Unidos da Tijuca, por exemplo.

O fim dos bicões. 

Foi-se o tempo em que, entre a passagem de uma agremiação e outra, a Avenida ficava lotada de gente a fim, apenas, de aparecer e chamar a atenção. A Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) restringiu o número de credenciais e pouquíssimos “bicões” deram pinta na pista. Uma exceção foi o jogador Neymar, que circulou livremente ao lado da esposa, Bruna Biancardi, e ainda posou para fotos com garis da Comlurb. Essa restrição das credenciais de livre acesso também permitiram que a Liesa explorasse as ‘publis’, como as da Volkswagen, que apresentava um novo modelo de carro entre a passagem de uma escola e outra.

Baterias, paradinhas e paradonas.

Se houve uma regularidade nos desfiles das doze escolas, foi o quesito bateria. Todas deram um verdadeiro show, com paradinhas, paradonas e muito suíngue. Destaque para a da Mangueira, que aliou elementos do funk e do jongo à batucada, e a do Paraíso do Tuiuti, que trouxe uma pegada ‘reggae’ à sua paradona. Lindo de ver – e de sentir.

O discurso de Erika Hilton.

A deputada federal por São Paulo participou da comissão de frente do Paraíso do Tuiuti, cujo enredo exaltava Xica Manicongo, a primeira mulher trans não indígena do Brasil. No esquenta da agremiação de São Cristóvão, Hilton pegou o microfone e fez um potente discurso sobre resistência LGBTQIAPN+. Quem estava em casa, no entanto, acabou perdendo a fala da política, já que a TV Globo, que detém os direitos de transmissão, colocou seus comentaristas para falar em cima das imagens. Uma pena.

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Roda de samba.

Foi um acerto da Liesa terminar cada noite com uma roda de samba na Praça da Apoteose. A qualidade musical dos músicos do Beco do Rato, Cacique de Ramos e Samba do Trabalhador, claro, é indiscutível, e a ideia ajudou a distribuir o fluxo de saída do sambódromo,  impedindo que todos os espectadores deixassem o local ao mesmo tempo.

Pontos negativos:

Sistema de som.

Problema crônico na Sapucaí, o som deixou a desejar em vários momentos, inclusive nos esquentas, tão importantes para as escolas. Na noite desta terça (4), apenas o primeiro desfile – da Mocidade – contou com som impecável. Nos demais desfiles, era até difícil escutar o samba.

Música alta nos camarotes.

Sambistas reclamam – com razão – do som vazado dos camarotes durante os desfiles. Alguns apelaram para música eletrônica em altíssimos decibéis. Não tem necessidade disso enquanto uma escola de samba está passando em frente, certo?

Logística de saída.

O fim da primeira noite, de domingo (2) para segunda (3), se transformou em um verdadeiro caos para quem tentou sair da Sapucaí assim que os desfiles terminaram. A estação Praça Onze do metrô acumulava filas e uma multidão tentava acessá-la, sem sucesso. Até quem estava ‘na boa’, nos camarotes, enfrentou problemas para deixar o sambódromo, já que o trânsito deu um nó e os ônibus fretados sequer conseguiam chegar à área de embarque e desembarque. No entanto, o fluxo foi ajustado na noite de segunda (3) para terça (4) e o perrengue diminuiu bem.

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Comissões de frente. 

Quesito de desempate neste ano, as comissões de frente passaram uma impressão de ‘mais do mesmo’, lançando mão, quase sempre, dos mesmos elementos – um palco em que bailarinos entram/somem/reaparecem, com fogo e drones. Parece que falta criatividade e inovação em algo que sempre faz os olhos brilharem.

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