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Alunos de escolas cariocas criam competição nacional de investimentos

A Brazilian High School Investment Competition conta com 90 times de oito estados, além de apoio da Vinci Partners, Real Grana e Lazuli Partners

Por Marcela Capobianco
Atualizado em 21 out 2024, 16h07 - Publicado em 18 out 2024, 06h21
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  • Foi pouco depois de uma conversa com a mãe que Antônio Vogt, 18 anos, teve uma ideia que logo ganharia corpo, ultrapassando os muros da Escola Britânica da Urca, onde cursa o último ano do ensino médio. “Pereba no futebol”, como ele mesmo se autointitula, Vogt se interessou por finanças pessoais ainda no início da adolescência e participou de competições internacionais sobre o tema, a maioria focada em private equity. “Minha mãe e eu conversávamos sobre investimentos na bolsa não serem muito comuns no Brasil. É esperado que num país como o nosso, que convive com tanta miséria, as pessoas não tenham esse hábito porque o dinheiro não sobra no fim do mês”, diz o estudante. “Ao mesmo tempo, existe uma realidade em que, em um mês, os beneficiários do Bolsa Família gastaram 3 milhões de reais em sites de apostas, o que me fez pensar: não dá para ficar parado.”

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    Reflexão daqui, reflexão dali, e Antônio decidiu então criar uma competição brasileira para estimular jovens como ele a discutir sobre investimentos, bolsa de valores, retorno e risco — um leque de assuntos que ele adora.

    Aí começou a tentar colocar a ideia de pé, disparando e-mails ao lado do amigo Lucas Klabin, 16 anos, já com um nome na cabeça — seria a Brazilian High School Investment Competition (BRHSIC). O primeiro e decisivo passo era conseguir uma plataforma para simular os investimentos. O exercício de calcular já começou nessa hora. “Chegamos a participar de reuniões com empresas estrangeiras, mas os preços eram impraticáveis”, conta Lucas, que não desistiu até encontrar um “parceiro 0800” — a edtech Real Grana, especializada em educação financeira gamificada, que apostou no projeto.

    Antes de lançar oficialmente o torneio, os professores da Escola Britânica estimularam os alunos a testar a plataforma internamente. Deu certo, e partiram para a divulgação, sob inspirações nada modestas. “Lembramos do Mark Zuckerberg, que, quando criou o Facebook, procurava as pessoas com as conexões certas”, conta Lucas. Não demorou, e Pedro Weinberg Lima, 18 anos, aluno da Escola Americana da Gávea, se uniu à dupla. “Eu até participei do business club do colégio, mas sentia falta de algo juntando gente que, como eu, se interessava por educação financeira”, conta ele, já às voltas com a ideia de ensinar conceitos básicos de economia para crianças de um projeto social na Rocinha.

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    Educação financeira: eletivas sobre o tema são oferecidas aos estudantes do Santo Inácio
    Educação financeira: disciplinas obrigatórias e eletivas sobre o tema são oferecidas aos estudantes do Santo Inácio (Colégio Santo Inácio/Divulgação)

    Outros apaixonados por finanças, egressos de vários colégios e estados brasileiros, aderiram, dando vulto à iniciativa. A largada da competição foi dada oficialmente em 9 de setembro, reunindo cerca de noventa times de dois a seis participantes. Cada equipe recebeu 100 000 reais fictícios para aplicar, além de desenvolver relatórios detalhados sobre suas decisões e movimentações durante quatro semanas.

    Em novembro, os que se saíram melhor vão apresentar sua experiência a um grupo de economistas do escritório da Vinci Partners, que também apoia o projeto, assim como a gestora de investimentos Lazuli. “Nosso objetivo não era encontrar o novo gênio do investimento. O que nos surpreendeu foi o engajamento e como os envolvidos criaram relações a partir da iniciativa”, celebra Antônio. Para 2025, o plano é expandir a BRHSIC para mais estados e incluir alunos de escolas da rede pública.

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    A iniciativa é bem-vinda. Uma recente pesquisa do Instituto XP mostra que 85% dos professores de escolas públicas acreditam que a educação financeira ajudará os alunos a se tornarem adultos mais bem preparados e 27% confiam que trazer o tema à baila desde o ensino básico pode contribuir para romper com o ciclo da pobreza. Embora ainda apareça de forma tímida no dia a dia da sala de aula, a educação financeira vem gradativamente conquistando as grades curriculares.

    No Ceat, a parceria com Daniel Calvente, sócio da InvestSmart, foi estendida inclusive aos pais dos alunos, que puderam tomar parte de um curso on-line por três meses. Já o Colégio Santo Inácio implementou, entre outras iniciativas, a eletiva “estatística aplicada ao mercado financeiro”. “A intenção não é formar economistas, mas cidadãos conscientes, capazes de fazer boas escolhas”, explica o professor Rodrigo Fraga, coordenador de matemática do ensino médio. Essa conta fecha.

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