Aplicativo mapeia terreiros e grupos de religiões afro-brasileiras no Rio

Plataforma reúne também expressões culturais como o afoxé, as baianas de acarajé, os blocos afro e a capoeira

Por Luiza Maia
14 set 2021, 13h23
Foto mostra mulher de turbante usando aplicativo
Igbá: os usuários são livres para cadastrar e descrever as atividades de grupos e terreiros (./Divulgação)
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Diante da falta de um mapeamento de espaços da cultura afro no estado do Rio, a ialorixá Márcia D’Oxum, do terreiro Omidayê, em São Gonçalo, idealizou a criação de uma plataforma para reunir e disponibilizar informações sobre essas expressões culturais.

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Com o apoio da sua filha Arethuza de D’Oyá, foi criado o aplicativo Igbá – Heranças Ancestrais. O nome é uma referência ao recipiente que cada iniciado no candomblé recebe para guardar objetos sagrados. 

Lançada há 2 meses e meio por meio da Lei Aldir Blanc, a plataforma já concentra cerca de 300 pessoas e 150 terreiros cadastrados. Além desses locais, o aplicativo permite o cadastramento de iniciativas de afoxé, blocos afro, capoeira e das baianas de acarajé. 

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A ideia surgiu a partir de um antigo desejo da ialorixá para identificar o verdadeiro número de praticantes das religiões de matriz africana, já que o dado mais recente do IBGE (2010) aponta que apenas 2% da população brasileira segue essas manifestações. 

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“Acreditamos que esse número seja muito maior. Sabemos que muitas pessoas acabam às vezes se escondendo ainda por medo de sofrer o racismo e a intolerância. Por isso, o aplicativo é também uma forma delas mostrarem quem realmente são”, afirma Arethuza D’Oyá.

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À frente de iniciativas de apoio à cultura afro, como o projeto social Matrizes Que Fazem e a realização evento Presente de Iemanjá, considerado patrimônio de natureza imaterial e religiosa em São Gonçalo, Márcia D’Oxum entende que o mapeamento permite a defesa de novas políticas públicas de proteção a essas comunidades.

A plataforma incentiva, não só que os praticantes de religiões afrobrasileiras participem, mas que a população local e os turistas possam usar o mapa para conhecer esse rico legado cultural.

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Uma parceria com a Secretaria estadual de Turismo (Setur), por exemplo, prevê que os hotéis do Rio passem a incentivar os visitantes a baixarem e usarem o aplicativo.

Para inscrever uma atividade, o usuário deve responder um questionário com o endereço, fotos, links e canais de contato e uma descrição livre. Os membros também possuem a opção de cadastrar eventos da cultura afro, alimentando a agenda cultural do aplicativo.

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Além de ver um mapa com os endereços e conferir as próximas festividades, os usuários também podem conhecer mais sobre essas expressões. Na seção Conheça as Culturas estão descritas as histórias e as características de cada manifestação cultural e religiosa. Os conteúdos estão disponíveis tanto em português quanto em inglês.

“Queremos dar visibilidade às comunidades tradicionais e combater a intolerância principalmente por meio do conhecimento. E esperamos que a iniciativa seja adotada, não só no Rio, como também em outros locais do país.”, afirma Arethuza.

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Em breve, a plataforma poderá também ser usada como um canal de denúncias para casos de intolerância religiosa. A iniciativa está sendo estudada em parceria com a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), criada em 2018 no Rio para receber as queixas.

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O aplicativo já está disponível nos sistemas Android e iOS. A empreitada também está presente de forma ativa nas redes sociais, por meio do compartilhamento de informações e curiosidades culturais.

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