No vaivém do Saara, movimentado polo de comércio popular no centro carioca, um produto se destaca em meio a camisetas em homenagem ao Dia dos Pais: uma blusa com a frase “Feliz Dia dos Pais” e o desenho de uma criança de braços estendidos para dois homens. Desde o início do mês, já foram vendidas 200 unidades a R$ 19,90, diz Leonardo Zonenschein, sócio da loja Dimona, que confeccionou a estampa. A intenção é incluir as famílias formadas por casais homossexuais.
“Neste ano, fizemos também no Dia das Mães. Não vendemos centenas de peças, mas existe um mercado para isso. Nossa empresa está inserida no Saara, que tem um público heterogêneo, e a gente tenta fazer produtos inclusivos, para o pai, o pai de criação, o avô”, conta Zonenschein, citando a camiseta em que se lê “pai-dastro”. O Dia dos Pais será comemorado no segundo domingo do mês de agosto, dia 9.
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A despeito da temperatura da discussão sobre o Estatuto da Família, que tramita na Câmara dos Deputados e que pressupõe que um casal gay não forma uma família, a loja não esperava polêmicas. “No carnaval, temos uma estampa com a frase (tirada da marchinha Máscara Negra) ‘vou beijar-te agora, não me leve a mal, hoje é carnaval’, com casais de homens, mulheres e de homens e mulheres.”
É um produto sazonal como qualquer outro, diz o comerciante. Na mesma arara, estão dispostas camisetas com o símbolo do Super-Homem e a inscrição “Ctrl c – Ctrl v”, para o caso dos filhos que são “cópias” dos pais. A motivação é comercial, não ideológica, esclarece Zonenschein.
Estilista e coordenador da área de Diversidade Sexual da Prefeitura do Rio, Carlos Tufvesson aprovou a iniciativa. “A gente está vivendo uma onda de intolerância muito grande no Brasil, com pessoas querendo impor a sua religião a toda uma população. No meio de tudo isso, fica mais claro para a sociedade o que é o ódio e o que é o amor.”
Tufvesson lembrou o reconhecimento do direito de adoção por casais homoafetivos pela Justiça brasileira. Para ele, a formalização dá segurança aos casais, que antes corriam o risco de serem privados do convívio com o filho em caso de separação, pois a criança era adotada por só uma das partes. “O que une a família é o amor.”