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Casa de Carmen Miranda, na Praça XV, deve R$ 260 mil de IPTU

Artista viveu no imóvel, que sofreu dois desabamentos no telhado este ano, entre 1935 e 1931; casarão integra o conjunto arquitetônico tombado da Praça XV

Por Redação VEJA RIO Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
16 jul 2024, 18h32
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Casa de Carmen Miranda: sobrado na Travessa do Comércio onde cantora viveu com a família entre 1925 e 1931 está abandonado (Sergio Castro/Divulgação)
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O sobrado onde Carmen Miranda viveu com a família, que perdeu uma grande parte do telhado após um desabamento nesta segunda (15), tem uma dívida de 260 mil reais de IPTU. O imóvel, que pertence a um advogado do ramo imobiliário, integra o conjunto arquitetônico da Praça XV, tombado pelo Instituto de Patrimônio Histórico (Iphan).

Já é o segundo desabamento do telhado neste ano. A casa, que fica no número 13 da Travessa do Comércio, foi comprada em 2011 pela Arilucas, empresa do setor imobiliário que pertence ao advogado Alexandre Barreira. Antes, pertencia à Santa Casa, de quem o advogado cobra na Justiça 211 milhões de reais de honorários, por seis meses de trabalho, conforme publicou a coluna de Ancelmo Gois, no jornal O Globo.

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No mês passado, a Defesa Civil do Rio isolou o lugar, após cerca de um terço do telhado cair. O Iphan afirma que o proprietário recebeu um auto de infração devido à falta de manutenção e foi notificado a tomar as medidas de correção para sanar os riscos estruturais.

O incidente foi comunicado ao Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), à Defesa Civil e à Subprefeitura do Centro. O órgão explicou, por meio de uma nota, que não é possível dar duas notificações sobre o mesmo motivo.

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Após receber o auto de infração, via correio, o proprietário tem o prazo de quinze dias para apresentar defesa, recurso ou desejo de realizar um Termo de Compromisso. Caso não se apresente, poderá ser multado, e o processo se transforma em uma ação civil pública.

A Arilucas informou, por meio de nota, que retomou o imóvel da locatária para quem alugava o casarão. Segundo o pronunciamento, a empresa tomou conhecimento do primeiro desabamento do telhado no dia 3 de julho, por meio do Iphan, e que comunicou à locatária.

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Ela, então, teria contratado uma equipe técnica que fez uma vistoria e constatou danos estruturais no telhado, mas afirmou que os técnicos não poderiam fazer as obras, porque precisariam da autorização do Iphan. A locatária havia se comprometido a protocolar um pedido ao órgão, mas, diante da gravidade dos fatos, a Arilucas informou que vai assumir as medidas de reparação.

Artista despontou para o sucesso morando no local

Carmen Miranda se mudou com a família para o segundo andar do sobrado em 1925 (no andar de baixo, funcionava um armazém). Nessa época, sua mãe comandava no local pensão de almoço, com a qual ajudava a sustentar a casa. A travessa era um importante núcleo de imigrantes portugueses.

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Foi vivendo no local que ela despontou para o sucesso: um dos frequentadores da pensão a ouviu cantar e a levou para conhecer o violonista Josué de Barros, considerado seu padrinho artístico. Pouco depois, Carmen se apresentaria em um festival beneficente no Instituto Nacional de Música, em estações de rádio e gravaria seus primeiros discos.

Em janeiro de 1930, duas semanas antes de fazer 21 anos, ela estourou nacionalmente com a marcha Ta-hí (Pra Você Gostar de Mim). Com o estrelato, ela se mudou com a família, em 1931, para uma casa mais confortável, em Santa Teresa.

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Quando morava no Rio, ela circulava sobretudo naquela região: frequentava a Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores (reformada e reaberta no ano passado, após quatro anos fechada), trabalhou em lojas de chapéus femininos e na de artigos masculinos A Principal, quase em frente à Confeitaria Colombo.

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A Defesa Civil Municipal informou que realizou cinco vistorias nos últimos nove meses nos imóveis situados nos números 9, 11 e 13 da Travessa do Comércio, no Centro do Rio. No local, os técnicos identificaram o risco de queda de reboco das fachadas dos imóveis com projeção no logradouro.

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O órgão afirmou ainda que não fez vistorias internas porque os imóveis estavam fechados e colocou fitas na fachada para alertar sobre o risco de queda de reboco.

A Defesa Civil enviou ofício para a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico (SMDUE) solicitando que a secretaria notifique o proprietário e realize análise estrutural dos interiores dos imóveis. A Subprefeitura do Centro e o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) também foram oficiados.

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Prefeitura irá adquirir imóvel

Em nota, a SMDUE informou que o imóvel está em processo de arrecadação, devido ao mau estado de conservação. O órgão lembrou que o município tem feito esforços para recuperar imóveis abandonados em diferentes regiões na cidade, como o programa voltado para ocupar imóveis vazios na região central, com projetos culturais, em perímetro que inclui a Travessa do Comércio.

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