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Em depoimento, homem afirma que “pó branco” que jogou em calçada é farinha

Inglês residente no Rio é membro do grupo de caminhada Hash House Harriers e se apresentou para explicar método de demarcação de trajetos

Por Paula Autran
22 ago 2023, 18h28
Peritos da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente recolheram amostras para análise
Perícia: resultados preliminares de amostras do pó branco coletadas para análise não apontaram sinais de veneno. (SMPDA/Divulgação)
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O homem acusado de espalhar um pó branco pelas ruas da Zona Sul que seria veneno depôs na manhã desta terça (22) na Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA). O inglês, que reside no Brasil e se apresentou espontaneamente à polícia, confirmou ser ele quem foi flagrado por câmeras de segurança enquanto caminhava com a mulher, que está fora do Brasil, deixando marcas do pó pelas calçadas de Botafogo e da Urca. Representante do Hash House Harriers (HHH) – um grupo com 70 mil membros ativos cadastrados, presente em 140 países, cujos participantes se reúnem regularmente para atividades atléticas (caminhada ou corrida), seguidas de sessões de bebida, especialmente de cerveja -, ele afirmou que o tal pó não passa de farinha. Segundo o vereador Dr. Marcos Paulo, que defende a causa animal e esteve com o delegado da DPMA, Wellington Vieira, os exames preliminares apontam que não se trata mesmo de veneno. A Polícia aguarda o resultado da contraprova em outro laboratório para concluir o caso.

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Quem intermediou o contato entre o inglês e a DPMA foi o engenheiro Marcelo de Andrade, membro do RioHHH, que o reconheceu em vídeos que viralizaram nas redes sociais dando conta de que o suposto veneno estaria matando cachorros na Zona Sul – embora nenhum caso tenha sido registrado. “Tudo não passa de um equívoco“, disse Andrade. Ele se apresentou ao delegado para explicar o modus operandi do grupo de caminhada urbana, conhecido internacionalmente por deixar rastros de farinha ou de pó de giz para demarcar o trajeto dos eventos, que no Rio acontecem em geral uma vez por mês. “Estive com o delegado na segunda (21) para esclarecer isso e retornei nesta terça (22) com o rapaz filmado para que ele contasse exatamente o que aconteceu. Por ser ele inglês e não dominar o nosso idioma, fui chamado para ajudar no depoimento”, contou Andrade.

De acordo com o engenheiro, o inglês chegou a procurar o consulado de seu país pedindo orientação de como agir. Ele compareceu à delegacia e deu detalhes do procedimento, mostrando inclusive os dados do aplicativo que tem em seu relógio para marcar trajetos e tempo de caminhada e corrida. Nele consta o circuito feito naquele dia 5 de agosto, um sábado, que começou na estação Arcoverde do Metrô, em Copacabana, e terminou na Urca. “Ele e a mulher estavam usando camisas do uniforme do RioHHH e tinham farinha numa garrafinha para fazer as marcações. Uma delas, na Urca, precisou ser refeita porque um carro da polícia havia parado em cima. Os membros do grupo na ocasião explicaram aos policiais que iam refazer a marcação ao lado do veículo”, relatou o engenheiro.

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Andrade reuniu documentos e reportagens sobre os Hash House Harriers. Segundo ele, o boato envolvendo seus integrantes no Rio está mobilizando HHHs do mundo todo pelas redes do grupo. Não é a primeira vez que a farinha gera problemas. “Usamos para não agredirmos o meio ambiente, porque ela pode ser lavada com a água da chuva, mas no exterior já foi confundida com Antraz“, disse ele, acrescentando que um dos membros chegou a ser preso nos Estados Unidos ao ser visto demarcar uma calçada com o inocente pó, que uma senhora que passava achou ser cocaína e chamou a polícia. Ele acabou solto quando o engano foi desfeito.

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