Caso Americanas: ex-diretores serão denunciados novamente pelo MPF

Objetivo é obter detalhes das operações de risco sacado; investigados tentavam convencer bancos a alterar documentos entregues a auditorias

Por Da Redação
2 jul 2024, 19h15
Americanas
Americanas: antiga diretoria reduzia custos da varejista artificialmente e ampliava os lucros (./Divulgação)
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Uma operação financeira chamada de risco sacado, base da fraude contábil bilionária nas Americanas, deverá ser explorada em uma nova denúncia do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro (MPF) contra ex-dirigentes da rede. Na base da investigação estão as conversas de um grupo de WhastApp de ex-funcionários da varejista chamado “Planejamento Financeiro”. Segundo o MPF, o grupo durou alguns anos e tratou de diversos assuntos. Em vários momentos, os participantes falam da necessidade de obter documentos para a auditoria que não trouxessem as informações de operação de risco sacado, que envolve os pagamentos de fornecedores. O risco sacado, comum no varejo, é uma triangulação na qual a varejista antecipa um crédito aos fornecedores, que recebem de um banco que depois cobra da Americanas.

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Segundo as investigações, a Americanas aplicava redutores artificiais nessa rubrica. Isso era feito por meio dos contratos de VPC (Verbas de Propaganda Cooperada), por meio dos quais a companhia reduzia seus custos artificialmente e ampliava os lucros. Essa fraude foi uma das principais responsáveis pelo rombo superior a R$ 25 bilhões na varejista e que durou ao menos uma década, de acordo com as investigações do MPF.

“Isso será mais explorado em eventual denúncia”, atesta o parecer do MPF que embasou a operação da Polícia Federal da semana passada, quando foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços de ex-executivos e feitos os pedidos de prisão do ex-CEO da Americanas, Miguel Gutierrez, e da ex-diretora Ana Saicali. As informações são do jornal O Globo.

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Um dos alvos da investigação que integrava o grupo é Fábio Abrate, ex-diretor Financeiro da B2W (braço digital da Americanas, e ex-diretor executivo das Americanas SA. De acordo com o MPF, há evidências de que ele interferiu junto ao Banco Santander, para que a instituição não informasse à auditoria externa sobre as operações de risco sacado.

O esquema começou a ruir, como mostram celulares e documentos apreendidos no ano passado pelos investigadores, quando a antiga diretoria das Americanas foi acionada em 2016, pelos bancos Santander, HSBC e Itaú. Eles informaram à empresa, em auditoria à época, sobre a existência de dívidas decorrentes das operações de risco sacado — e que não eram contabilizadas no balanço. Foi, então, feita uma operação fraudulenta para enganar os auditores através de uma tentativa de manipulação envolvendo os bancos.

Em uma das conversas via WhatsApp, Timotheo Barros, que chegou a ser CEO/CFO da Americanas S.A, pergunta a Fábio Abrate: “Como estamos com os bancos para retirar das cartas a info das operações com fornecedores. Vida/Morte para nós”. Depois complementa: “Precisamos retirar isso das cartas”. Em outro momento destacado pelo MPF, Barros volta a cobrar as cartas das instituições bancárias, perguntando novamente: “Fabio, como esta o assunto das cartas de circularização com os bancos. Precisamos retirar isso das cartas“. Abrate responde: “Estamos falando com os bancos mas não podemos contar com isso. Devemos corrigir a rota da operação. Já foi indicado o caminho. Na próxima quarta vamos retomar a nossa reunião sobre o assunto”. Para o MPF, Abrate é um dos principais responsáveis pela execução da fraude.

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Procurado pelo Globo, o Itaú Unibanco nega qualquer participação, direta ou indireta, na fraude contábil que a Americanas sofreu. “O banco sempre prestou às auditorias e aos reguladores informações corretas e completas sobre as operações contratadas pela empresa, conforme legislação vigente e melhores práticas de mercado”. O Banco Santander afirmou que “repudia veementemente qualquer insinuação contrária à lisura de sua relação com a Americanas, eventualmente feita por pessoas responsáveis pelas irregularidades ocorridas em sua administração e das quais o banco também é vítima“. O Banco Safra não se manifestou.

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