Em livro, Ricardo Amaral narra fatos curiosos sobre o Rio
Ao longo de quase 500 páginas, o empresário e a publicitária Raquel Oguri traçam um roteiro das memórias que colaboraram com a formação da cidade
Traçar um roteiro das memórias que colaboraram com a formação do Rio, desde o seu descobrimento até hoje, descortinando episódios pouco conhecidos e escavando curiosidades em arquivos, revistas, livros e jornais antigos. Essa é a proposta de A Cara do Rio, a nova obra do empresário Ricardo Amaral (Editora Sextante, em parceria com a Rara Cultural; 496 páginas; 69,90 reais). Paulistano radicado por aqui há 52 anos, informalmente conhecido como o Rei da Noite devido às casas noturnas que criou e que agitaram a sociedade carioca entre os anos 1970 e 1990, ele uniu-se à publicitária carioca Raquel Oguri para escrever o saboroso texto que será lançado na segunda (11). Após dois anos de imersão em pesquisas conduzidas em instituições como a Biblioteca Nacional, o acervo do Itaú Cultural e a Fundação Casa de Rui Barbosa, a dupla chegou às mais de 300 histórias e aos personagens que compõem o título. A abordagem é tão múltipla quanto vasta: os autores passeiam por temas que vão da origem do nome São Sebastião do Rio de Janeiro à chegada da família real portuguesa e à formação de favelas, passando pelas gírias cariocas, pela gastronomia, pelo carnaval, pela paixão pelo esporte e pelo nascimento da imprensa. “Com o material que reunimos, poderíamos escrever mais de vinte volumes, mas tivemos de nos ater àquelas histórias mais curiosas, peculiares, inusitadas”, diz Amaral. “Durante a produção do livro, cheguei a jantar, em sonho, diversas vezes com o Sérgio Porto e o Zózimo Barrozo do Amaral. E foram jantares ótimos, extremamente gratificantes”, brinca Amaral.
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Entre os casos recuperados pela dupla, estão, por exemplo, as curiosidades que cercam os bastidores da construção do Cristo Redentor, o maior símbolo de fé da cidade. A estátua erguida no topo do Corcovado a princípio não deveria ficar de braços abertos. A proposta inicial de Heitor da Silva Costa, o ganhador do concurso para a criação do monumento, previa que a imagem segurasse uma cruz com uma de suas mãos, enquanto a outra ostentasse o mundo, representado ali por um globo. Foi então que se concebeu uma pequena versão da ideia original, que ficou exposta numa vitrine em uma movimentada rua do Centro e virou motivo de chacota: os cariocas, apesar da fé, começaram a chamá-lo de Cristo da bola. Diante da piada generalizada, os envolvidos resolveram mudar o projeto, que chegou à forma atual. “Nossa pretensão não era escrever um livro de história, apesar do respaldo das fontes”, reforça Raquel. “A ideia é buscar uma cara para o Rio, por meio de fatos díspares e personagens múltiplos, com bastante humor, descontração e certa pitada de irreverência”, explica Amaral, que planeja ainda o lançamento de mais dois títulos para este ano: um estudo da gastronomia brasileira e o outro sobre a vida no país na década de 40. Como se vê, história (e das boas) é o que não falta.