Influenciadores estrangeiros: o olhar externo que nos fascina
Nascidos em outros países, mas cariocas de coração, criadores de conteúdo ganham destaque nas redes sociais ao exibir outros ângulos da cidade

Entre janeiro e maio de 2025, o Rio recebeu mais de 1 milhão de turistas estrangeiros, o que, segundo a Embratur, representa um crescimento de 52% em relação ao mesmo período do ano passado. Combinando belezas naturais, uma verve festeira e outros mil predicados, não é surpresa que a Cidade Maravilhosa tenha prendido alguns dos milhões de corações estrangeiros que pisam em suas areias – e muitos deles têm levado para a internet o seu dia a dia. São os influenciadores gringos, uma turma que vem ganhando porpularidade não só por aqui, como em seus países de origem, ao mostrar a cidade sob diferentes ângulos e destacar as diferenças culturais.
É o caso do casal Carlos Velazco, 29 anos, e Nati Cúneo, 27, criadores da página @rioparaargentinos, com mais de 200 000 seguidores no Instagram. Quem vê os vídeos em espanhol pensa que os dois se mudaram há pouco tempo para Copacabana. Coincidentemente, ambos têm pai brasileiro e mãe nascida no país vizinho e moram aqui desde crianças. “Nós não tomamos a decisão de vir, mas todos os dias escolhemos ficar”, atesta Carlos, que nutre ainda a missão de tranquilizar quem sonha em aterrissar no Galeão. “Temos uma preocupação quase institucional de eliminar medos infundados”, acrescenta.
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Na visão do inglês Nick Whincup, mente por trás da página @nicknobrasil_, os vídeos são uma maneira simples e criativa de mostrar um lado da cidade que não chega ao noticiário estrangeiro, negativo na maioria das vezes. Britânico com coração brasileiro, Nick não rejeita a alcunha de gringo ó aos 34 anos, visitou mais de quarenta países e se encantou pelo Rio em 2009. A temporada de dez dias se transformou em um mês. Ele regressou no Carnaval de 2020, mas a pandemia frustrou os planos de estender a viagem. Menos de um ano depois, Nick veio de vez, com visto e tudo. “Quando vivia na Inglaterra, visitar outro país era sinônimo de alegria. Na primeira vez em que viajei para fora morando no Rio fiquei um pouco triste”, admite. Em seus vídeos, em inglês, mas com legendas, o influenciador intercala discussões planejadas e momentos espontâneos que só a cidade proporciona. Um simples samba no calçadão pode inspirar um post. O olhar fresco traz percepções únicas que vão dos vícios de linguagem à receptividade carioca.
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A paixão expressa nas redes rendeu a Nick, Carlos e Nati o selo Rio Digital Influencer 2025, da prefeitura. É a primeira vez que perfis comandados por estrangeiros recebem a honraria, que não vem acompanhada de remuneração. “A aposta nessa narrativa mais espontânea, de valorização da experiência, gera confiança e é um investimento na imagem pública da cidade”, explica Luciana Pereira, professora de comunicação social da PUC-Rio. Marcas, especialmente as ligadas ao turismo, mantêm os perfis no radar. “Como eles não são brasileiros, trazem pontos de vista que muitas vezes não nos chamam a atenção”, opina Cassiano Vitorino, gerente de comunicação do Copacabana Palace.
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A estudante de medicina Giovanna Rocha, 24 anos, é fã da holandesa Nienke Helthuis pela forma jocosa com a qual a europeia percebe diferenças comportamentais. Com mais de 3 milhões de inscritos no Youtube, ela se tornou até embaixadora do projeto social Estrela da Favela, que leva educação a crianças da Mangueira. Em meio às constantes críticas à cidade, o olhar empolgado de quem vem de fora renova o orgulho de ser carioca.