Itamaraty é acionado após PMs apontarem arma para filhos de diplomatas

Adolescentes com cidadania do Canadá, Gabão e Burkina Faso estão em férias no Rio; eles chegavam com amigo branco a prédio em Ipanema; veja vídeo

Por Da Redação
Atualizado em 5 jul 2024, 11h06 - Publicado em 5 jul 2024, 09h39
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Racismo: PMs desceram com as armas em punho e obrigaram adolescentes negros e filhos de diplomatas a encostar na parede para revista (Redes sociais/Reprodução)
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Policiais militares do Rio são acusados de racismo após uma abordagem a quatro adolescentes, três deles negros e filhos de diplomatas, com idades entre 13 e 14 anos, em Ipanema, na última quarta (3). O caso foi relatado pelos pais ao Itamaraty e aos consulados do Canadá, Gabão e Burkina Faso, países de origem dos três jovens negros. Em nota, o Itamaraty disse que acompanha o caso e busca averiguar as circunstâncias do ocorrido, para eventual tomada de providências.

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Imagens de câmeras de segurança de um prédio na Rua Prudente de Morais gravaram a abordagem truculenta de dois PMs ao grupo, que entrava no edifício quando a viatura da corporação parou em cima da calçada, e os policiais desceram com as armas em punho. Eles foram obrigados a encostar na parede para revista. Os amigos, que não falam português, tinham chegado de Brasília na manhã de quarta (3), para passar cinco dias de férias no Rio.

“Uma viagem de férias, planejada há meses entre quatro amigos. Com destino ao Rio, quatro adolescentes de 13 e 14 anos, acompanhados dos avós de um deles, experienciaram nas primeiras horas a pior forma de violência. Às 19h, voltando para casa em Ipanema, foram deixar um amigo na porta de casa, na Rua Prudente de Moraes, quando foram abruptamente abordados por policiais militares, armados com fuzis e pistolas, e sem perguntar nada, encostaram os meninos (menores de idade) no muro do condomínio. Três, dos quatro adolescentes, são negros!”, escreveu Rhaiana Rondon, mãe de um deles, numa rede social, após ver as imagens. O filho dela, que é branco, contou que os amigos foram revistados e obrigados a tirar parte da roupa. Os quatro estudam em uma escola francesa em Brasília.

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“As imagens, os testemunhos e o relato das crianças são claros!! Não há dúvida!! A abordagem foi racial e criminosa. Há anos frequentamos o Rio e nunca presenciei nada parecido no quadradinho de Ipanema com meus filhos. É um lugar aparentemente seguro. Depende pra quem”, continuou ela. Único que falava português no grupo, o filho dela explicou que eram de Brasília e que estavam a ‘turismo’. “Após ‘perceberem’ o erro, liberaram os meninos, mas antes alertaram as crianças que não andassem na rua, pois seriam abordados novamente! As imagens, os testemunhos e o relato das crianças são claros! Não há dúvida!”, frisou Rhaiana, que é servidora pública em Brasília e disse que antes da viagem fez recomendações e alertas ao filho sobre a violência no Rio: “Não ande com o celular na mão, cuidado com a mochila, não fiquem de bobeira sozinhos”. Pensei em diversas situações, mas jamais que a polícia seria a maior das ameaças. É traumático, triste, é doloroso. Estão assustados e machucados, com marcas que nem o tempo apagará”. Um dos meninos, que é canadense, está muito assustado e pediu para voltar para casa.

Em entrevista o RJ-TV, da Rede Globo, a embaixatriz do Gabão, Julie Pascali Moudouté, contou que enviou uma carta de protesto ao Itamaraty. “A Polícia está aqui para proteger. Como é que você pode colocar arma na cabeça dos meninos de 13 anos? Como é isso? Mesmo para nós, adultos, você me aborda, você me pergunta e depois me diz do que você está reclamando. Mas você não sai com arma e me coloca na parede! A gente crê na Justiça brasileira e quer justiça. Só isso”.

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A PM informou, em nota, que os policiais envolvidos na ação portavam câmeras corporais e que as imagens serão analisadas para constatar se houve algum excesso por parte dos agentes. A corporação disse aina que em todos os cursos de formação, a Secretaria de Estado de Polícia Militar insere nas grades curriculares como prioridade absoluta disciplinas como Direitos Humanos, Ética, Direito Constitucional e Leis Especiais para praças e oficiais que integram o efetivo da corporação.

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