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Mortes de Marielle e Anderson completam 1 mês sem autor identificado

Em nota à imprensa, Anistia Internacional exigiu identificação e punição de autores

Por Saulo Pereira Guimarães
Atualizado em 13 abr 2018, 17h03 - Publicado em 13 abr 2018, 14h32
Marielle
(Raphael Medeiros/Reprodução)

Aconteceu novamente. Na noite desta quinta (12), um grupo armado atacou a Câmara de Vereadores de Mesquita, na região metropolitana do Rio. O prédio fica a 400 metros da prefeitura. Só na fachada, foram 8 tiros. Por sorte, o porteiro que estava no local não se feriu. As motivações do atentado ainda são desconhecidas. Há 58 dias, outro ataque a uma representação do Estado teve final mais trágico. Na ocasião, a vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes foram mortos após o carro onde seguiam ser alvo de disparos no Estácio. Um mês depois, os autores do crime e suas motivações ainda não foram esclarecidos e o maior desafio à intervenção federal na área de segurança pública no Rio segue sem solução.

É injusto dizer que a investigação não teve avanços importantes nesse período. Logo após os assassinatos, imagens de câmeras de segurança revelaram que os suspeitos acompanhavam a parlamentar desde que ela deixou o Palácio Pedro Ernesto. Descobriu-se também que o homicídio foi cometido com uma pistola 9mm ou uma submetralhadora disparada 2m de distância com munição de um lote usado em execuções cometidas em Niterói e São Gonçalo entre 2015 e 2017. Mas ainda não há indicação clara se o homicídio foi obra de policiais, milicianos ou traficantes insatisfeitos com críticas feitas por Marielle, por exemplo. “O Estado deve garantir que o caso seja devidamente investigado e que tanto aqueles que efetuaram os disparos quanto aqueles que foram os autores intelectuais deste homicídio sejam identificados”, afirmou em nota divulgada hoje à imprensa Jurema Werneck, diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil. Segundo ela, qualquer desfecho diferente desse envia aos criminosos “uma mensagem de que defensores de direitos humanos podem ser mortos e que esses crimes ficam impunes”. Além disso, por se tratar de uma parlamentar, a impunidade transmite o recado preocupante de que o Estado Brasileiro não reúne sequer as condições básicas para defender os representantes eleitos pelo povo para fazer parte dele. E um Estado incapaz de se defender é menos capaz ainda de defender os cidadãos que ele representa.

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Nesta sábado (14), a partir de 6h, protestos ao redor do mundo vão lembrar a morte de Marielle e Anderson. Estão previstas manifestações na Alemanha, Argentina, Bulgária, Canadá, França, Inglaterra, Itália, Peru e Portugal. Aqui no Brasil, eventos estão marcados em 13 estados e, na cidade do Rio, Arpoador, Botafogo, Estácio, Grajaú, Lapa, Niterói, Santa Teresa, Tijuca e Vila Isabel estão na lista dos locais que abrigarão homenagens. Às 18h, uma caminhada partirá da Rua dos Inválidos em direção ao Estácio, reconstituindo o trajeto de 3km percorrido pelas vítimas do ataque antes de morrerem. Na próxima segunda (16), é a intervenção federal completa 2 meses. Sem o esclarecimento das mortes, a prisão de milicianos, o reforço do patrulhamento e outros feitos digno de nota da operação estarão sempre à sombra do caso de Anderson e Marielle.

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