Pivô do impeachment do ex-governador Wilson Witzel – afastado em consequência de acusações de corrupção na contratação dos hospitais de campanha, durante a pandemia -, a Saúde inspira cuidados no estado do Rio. Por mais de dois anos, não por acaso a Covid-19 esteve no centro das atenções. Mas, com isso, muitas outras doenças acabaram ficando em segundo plano, cirurgias foram adiadas e filas enormes foram se formando para atendimento, problema que se somou aos habituais, como falta de médicos e de leitos. Remediar problemas como estes está entre os maiores desafios do futuro governador do Rio.
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O modelo de OSs na gestão hospitalar e o Sistema de Regulação de Leitos (SisReg) são focos de muitos desses problemas, pelo que diagnosticam os candidatos ao governo do estado. As OSs são Organizações Sociais de Saúde, entidades sem fins lucrativos que, após qualificadas em processos públicos, ficam habilitadas a fazer contratos de gestão com o estado para gerenciar unidades de saúde. E o Sisreg é um sistema on-line criado para o gerenciamento de todo o complexo regulatório que envolve os atendimentos, da rede básica à internação hospitalar.
O atual governador Cláudio Castro (PL), que foi vice na chapa de Witzel e está em campanha para permanecer no cargo, defende a descentralização da Saúde. “Não é mais aceitável que uma pessoa tenha que se deslocar do interior, viajando três, quatro horas até a capital para fazer exames”, diz ele, numericamente à frente das pesquisas, mas seguido de perto do Marcelo Freixo (PSB), acrescentando que vem investindo na atenção primária, reequipando, reformando e construindo novas unidades de saúde. “A ideia é descentralizar os serviços, como por exemplo o do Samu. Vamos chegar a 40 pontos estratégicos do Samu na capital, diminuindo o tempo de resposta para o cidadão. Além disso, estamos investindo em 34 unidades hospitalares que, somados aos repasses para que as prefeituras recuperem suas redes, estão melhorando a vida dos fluminenses”. Ainda segundo o governador, só este ano foram investidos 300 milhões de reais para acabar com a fila do Sisreg no município do Rio. Os repasses para as outras 92 prefeituras foram de mais de 2,2 bilhões de reais.
Já Freixo planeja contratar 3 mil médicos para ampliar o atendimento e fazer a fila do Sisreg andar, além de levar mais remédios às unidades de saúde. “O Rio de Janeiro foi o lugar onde mais pessoas morreram de Covid em proporção à população total. Esse é o resultado de gestões incompetentes e corruptas na saúde. Nós vamos blindar a Secretaria de Saúde da corrupção e fazer um gestão eficiente”, diz ele.
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Também para Rodrigo Neves, candidato do PDT, o SisReg precisa ganhar eficiência e transparência. “A saúde precisa ser integrada e organizada para que os pacientes tenham garantia de acesso à rede do SUS“, defende ele, que pretende investir em políticas de atenção básica em saúde. “Além disso, é preciso valorizar os profissionais, proporcionando a eles melhores condições de trabalho, com planeamento e organização dos serviços. E por fim, mas não menos importante, digo que os hospitais da rede estadual serão modernizados a partir de um programa de frentes de trabalho que vai gerar empregos para milhares de trabalhadores na recuperação das unidades hospitalares”, promete.
Paulo Ganime (Novo) é outro que se preocupa com a transparência. E elaborou o programa Fila Zero, com o objetivo de reduzir as filas para atendimento geral. “Exames e atendimentos serão realizados em um mês, no máximo, após o pedido, e cirurgias eletivas, em até 3 meses. A ordem nas filas será divulgada para que todos saibam sua posição”, explica o candidato, que também quer implantar o prontuário eletrônico de saúde, onde o histórico do paciente na saúde pública estará disponível de forma rápida e completa, ajudando os profissionais da área na avaliação do tratamento. “A demanda de atendimento será mapeada, para que não haja mais deslocamento de paciente que vem do interior para realizar um exame aqui”, afirma.
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Wilson Witzel (PMB), cuja candidatura ainda precisa ser confirmada pelo TRE, diz que, se reeleito, vai extinguir a Secretaria de Estado de Saúde, que, em suas palavras, “tem sido um organismo de corrupção”, assim como as OS do estado: “Foi como fiz com a Secretaria de Segurança Pública durante o meu governo. Vamos implantar um moderno sistema de controle da Saúde Pública do estado, administrado via um consórcio integrado por grandes empresas na área de ambulatório, atendimento hospitalar, por meio de licitação”. Witzel também promete implementar um modelo integrado de saúde pública e privada, de maneira complementar, para desafogar as emergências e otimizar o atendimento de doenças crônicas e cuidados paliativos.
Cyro Garcia (PSTU), Eduardo Serra (PCB) e Juliete Pantoja (Unidade Popular) pretendem extinguir as OSs e promover concursos públicos para repor equipes de saúde. “Temos que combater a privatização e a terceirização que escoam o dinheiro da Saúde para o bolso de empresários”, justifica Cyro. Serra também tem planos de integrar as políticas de saúde com as políticas de combate à insegurança alimentar, de moradia, de provimento de água e saneamento básico e outras ações relacionadas. O candidato do PCO, Luiz Eugenio Honorato, não respondeu as perguntas enviadas sobre o tema.