Estudo diz que pandemia fez crescer casos de doenças psicossomáticas

Questões de origem emocional podem agravar quadros de saúde

Por Agência Brasil
14 dez 2020, 12h41
Emocional
Nada bem: pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Psiquiatria traz dados preocupantes sobre a saúde mental do brasileiro durante a pandemia (Pixabay/Reprodução)
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A pessoa sente uma dor específica ou um mal-estar e, ao ir ao médico e fazer os exames solicitados, descobre que o problema tem origem emocional. São as doenças psicossomáticas, que apresentam sintomas físicos, sem que nenhum exame laboratorial ou de imagem revele características físicas que possam ser a causa da aflição.

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A origem das doenças psicossomáticas é sempre emocional, “mas a manifestação é no corpo, ou seja, um sintoma que não pode ser explicado por causa orgânica ou exame, mas que é real e traz prejuízo para o indivíduo. É bastante comum em pessoas ansiosas que tendem a colocar no corpo seus sofrimentos psíquicos e em pessoas mais concretas, que  não conseguem entrar em contato com seu lado afetivo e emocional”, explica a psiquiatra na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, Danielle H. Admoni, especialista pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

A relação entre doenças físicas e emocionais é bastante comum, mas, com a pandemia, a tendência se agravou. Uma pesquisa feita em maio pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) mostrou que cerca de 89% dos 400 psiquiatras destacaram o agravamento de quadros de saúde mental em seus pacientes devido à pandemia do novo coronavírus.

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A psiquiatra destacou que, durante a pandemia, várias doenças psicossomáticas tiveram incidência maior, principalmente as que parecem com os sintomas da covid-19. “Se agravaram os sintomas que podem parecer com quadro de covid-19, ou seja, as pessoas têm muito medo de adquirir a doença, ficam ansiosas e preocupadas e passam a ter sintomas parecidos com os da doença que temem, piorando ainda mais o quadro ansioso”, relatou.

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Para lidar com a psicossomatização, a terapia é o caminho, explica a psiquitra. “A psicoterapia é sempre uma boa aliada nesses casos, mas é difícil saber antes de aparecer os sintomas, ou seja, tratando quadros ansiosos, a chance destes evoluírem para um quadro de somatização é menor.”

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A psiquiatra elenca as doenças psicossomáticas mais comuns. “É muito frequente o achado de dores às vezes inespecíficas e generalizadas, ou sintomas que podem fazer parte de qualquer doença como cansaço, alterações gastrointestinais (diarreia ou constipação), prurido (coceiras), tremores das extremidades, manchas na pele e falta de ar. Só que  esses sintomas não podem ser explicados por nenhuma etiologia orgânica, já que nos exames de confirmação diagnóstica, não aparece nenhuma doença que cause esses sinais”.

Doenças mais graves, como o câncer, não surgem pela psicossomatização, afirma a psiquiatra. “Hoje se sabe que as neoplasias têm etiologias em sua maioria bem definidas, mas o que se pode afirmar é que pessoas muito preocupadas e ansiosas (com perfil para doenças psicossomáticas) podem sim ter uma evolução pior em relação a algumas doenças pelo próprio aumento do cortisol (hormônio do estresse que leva a uma diminuição da imunidade) e pela maneira negativa e pessimista de ver as situações, muitas vezes agravando os sintomas da doença ou do tratamento”, conclui.

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