Projeto social ensina artes marciais a crianças carentes

Desenvolvido pelo lutador de kickboxing Sérgio Santos, o Blindado, o projeto Blindando Vidas atende 380 alunos, com idade entre 4 e 17 anos

Por Heloiza Gomes
Atualizado em 1 dez 2017, 12h00 - Publicado em 1 dez 2017, 12h00
 (Anna Fischer/Veja Rio)
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Aos 36 anos, o lutador Sérgio Santos, ou Blindado, como é conhecido, orgulha-se dos títulos que conquistou — é tricampeão brasileiro, bicampeão pan-americano e doze vezes campeão carioca de kickboxing. Mas nunca se esqueceu da origem humilde, no bairro de Guadalupe, onde mora ainda hoje. Mais que isso, tem certeza de que foi o esporte que o pôs no caminho do bem. “Minha mãe criou quatro filhos sozinha, saía para trabalhar de manhã e só voltava à noite. As pessoas diziam que não íamos dar em boa coisa, porque passávamos muito tempo à toa. Até que, aos 11 anos, comecei a treinar e deixei de ficar por aí sem fazer nada”, conta Santos. Ele credita também à origem humilde o desenvolvimento de um senso de solidariedade apurado. Assim que virou instrutor de muay thai e kickboxing, em 2006, passou a lecionar a quem não podia pagar — mesmo com a academia não sendo dele. “Não cobrava e dava cesta básica. Só que, depois de cinco anos, o proprietário disse que eu estava prejudicando os negócios e me proibiu”, relembra.

Depois do episódio, em 2012, Santos foi aprovado em um concurso para a Guarda Municipal, continuou dando aulas e participando de campeonatos, mas sempre com uma ideia na cabeça: montar um projeto social para atender a garotada carente. Demorou um pouco, mas, em janeiro deste ano, ele conseguiu o apoio do Shopping Jardim Guadalupe, que lhe cedeu duas salas e deu o empurrão que faltava para o Blindando Vidas, projeto que oferece aulas gratuitas de muay thai, kickboxing, jiu-jítsu e judô, três vezes por semana. Apesar de funcionar há apenas onze meses, a iniciativa já atende 380 alunos, com idade entre 4 e 17 anos. “Meu objetivo é afastá-los dos perigos que cercam as comunidades. O esporte modifica a vida, porque dá autoconfiança, respeito e disciplina. É uma doutrina que ajuda no desenvolvimento”, explica o lutador.

Para participarem do projeto, os interessados precisam estar matriculados na escola e apresentar bom desempenho. “Quando as notas caem, eles ficam fora das aulas até melhorar”, diz Santos. Tal rigor tem funcionado. “Um deles estava usando drogas e agora está limpo. Outro, de apenas 16 anos, acabou de ganhar o cinturão carioca”, comemora o mestre.

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