Rei de Ifé cria casa dedicada à cultura iorubá no Rio

Apoiar população negra é principal objetivo de instituição criada por soberano iorubá

Por Redação VEJA RIO Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 15 jun 2018, 20h07 - Publicado em 15 jun 2018, 20h04
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(Divulgação/Prefeitura do Rio de Janeiro)

Adeyeye Enitan Babatunde Ogunwusi Ojaja II, rei da cidade de Ifé e soberano do povo iorubá. O título poderia ser de um personagem de Game of Thrones, mas a denominação pertence a um príncipe nigeriano de carne e osso, que desde p último domingo (10), passeia entre milhões de súditos em terras cariocas. Após visitas a locais como Academia Brasileira de Letras, Cais do Valongo e Praça XI, o monarca esteve nesta sexta (15) no Museu da Escravidão e da Liberdade, onde assinou documento que criou a Casa de Herança Oduduwa, no Rio.

Apoiar toda a população negra do Rio será o principal objetivo da nova instituição. No centro cultural localizado na Zona Portuária, Adeyeye disse algumas palavras sobre súditos de seus antepassados que, trazidos para América em navios negreiros, ajudaram a construir o Rio e o Brasil. “Eles foram escravizados, mas eles não eram escravos”, afirmou. “O sangue correndo nas veias do povo negro é um sangue real. A origem do sangue real está correndo nas veias de todos os afro-descendentes. Eu não quero mais que os afro-descendentes sigam se depreciando. Nós precisamos então dar às mãos para nos elevar”, complementou o rei.

O soberano ainda dedicou palavras carinhosas à secretária de cultura Nilcemar Nogueira, que o acompanhava no momento da assinatura do documento e se emocionou com a homenagem. “Ela tem o sangue real do meu trono. A gente pode fazer um teste para ver. Posso sentir o espírito dos nossos ancestrais nela”, brincou o monarca. Em nota divulgada em seu site oficial, a secretaria não informou a data de inauguração da Casa Oduduwa.

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O povo iorubá ou nagô foi um dos que mais encaminhou negros escravizados para o Brasil. Seus integrantes trouxeram elementos que hoje são identificados com a cultura carioca e nacional, como a mitologia que originou o candomblé, umbanda e outras regiões afro-brasileiras. Vêm deles figuras como Iemanjá, Ogum e Xangô, entre outras. Fruto dos cultos nas casas das tias baianas do Rio do começo do século XX, o samba é uma criação dos filhos e netos de iorubás que, livres, não voltaram ao continente natal de seus ancestrais e assumiram como sua uma nova terra. “Nós não vamos mais estar desconectados dos afro-descendentes”, afirmou Adeyeye. Que assim seja e que Deus salve o rei!

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