“Estamos reposicionando o Rio no mundo”, diz Gustavo Tutuca

Secretário de Turismo, Gustavo Tutuca detalha estratégias que impulsionam o estado no cenário global, com foco em eventos e crescimento internacional

Por Redação VEJA RIO Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 11 jul 2025, 19h11 - Publicado em 11 jul 2025, 09h43
Gustavo Tutuca
Gustavo Tutuca: "Nosso maior objetivo é encerrar o ano com 2 milhões de turistas internacionais" (João Miguel Jr/Divulgação)
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Com números em alta e uma agenda de eventos que vai muito além do Carnaval e do Réveillon, o Rio de Janeiro voltou ao radar do turismo internacional. Após o baque da pandemia, o estado vem colhendo os frutos de uma estratégia que aposta em experiências autênticas, promoção global e um calendário recheado de grandes eventos. 

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Responsável pela condução dessa política, o secretário estadual de Turismo, Gustavo Tutuca — que ocupou a pasta entre 2020 e 2022 e retornou ao cargo em 2023 — projeta um crescimento de mais de 20% no número de visitantes internacionais este ano, superando os mais de 1,5 milhão registrados em 2024. Em entrevista a VEJA RIO, ele fala sobre os bastidores desse avanço, os desafios atuais do setor e os caminhos para consolidar o estado como destino global de experiências.

O turismo no estado do Rio vive hoje um dos seus melhores momentos? Estamos num momento muito positivo, fruto de muito trabalho. No pós-pandemia, houve uma demanda reprimida — as pessoas passaram muito tempo sem viajar e passaram a valorizar ainda mais as experiências. Aproveitamos essa virada para investir fortemente na promoção internacional e na captação de grandes eventos. Os resultados são concretos: em 2024, recebemos mais de 1,5 milhão de turistas internacionais. Os maiores fluxos vêm da Argentina, do Chile e dos Estados Unidos, nosso principal mercado fora da América do Sul.

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Por que o Rio voltou a ganhar força como destino turístico internacional? O Rio sempre ocupou lugar de destaque no imaginário global, com o Pão de Açúcar, Copacabana, Maracanã, entre outros ícones. Mas, no cenário pós-pandemia, a competição global por turistas se intensificou. Cidades como Orlando, por exemplo, investem cerca de 100 milhões de dólares por ano em promoção. Diante disso, atuamos para reposicionar o Rio, promovendo o destino em feiras estratégicas, ampliando nossa presença em mercados emissores e criando um calendário robusto de eventos, que vai muito além do Réveillon e do Carnaval. Hoje temos atrações como o Web Summit, a Maratona do Rio, Super Rio Expo Food e Rio Innovation Week, que aumentam nossa visibilidade global.

Em quais ações a secretaria têm investido para manter esse crescimento? Cito três principais. Primeiro, o fortalecimento do turismo de proximidade. A Expo Rio Turismo, que conecta todos os municípios do estado, reuniu quase 50 000 pessoas este ano na Lagoa, na Zona Sul da cidade. No cenário nacional, estamos expandindo o projeto Experiência Rio de Janeiro, que já passou por sete cidades e deve chegar a dezessete, gerando encontros entre representantes da hotelaria e do trade local com operadores de viagem, imprensa e agentes especializados. No exterior, participamos de mais de vinte eventos para reforçar nossa marca. Um destaque recente foi a estruturação das casas dos clubes do Rio, Flamengo, Fluminense e Botafogo, na Copa do Mundo de Clubes da FIFA 2025, nos Estados Unidos. Levamos agentes de viagem, imprensa e influenciadores digitais para conhecer essa experiência, mostrando como o futebol está fortemente ligado à cidade.

Há regiões do estado que podem ganhar ainda mais visibilidade pelo turismo? Sem dúvida. O Rio tem uma diversidade incrível: em poucas horas de viagem, o visitante pode sair da capital rumo às praias da Costa Verde, ou à Serra Verde Imperial. Destinos como Miguel Pereira vêm se reinventando, com atrações como a Terra dos Dinos. O enoturismo também tem avançado muito na Região Serrana. Em uma reunião recente com a Embratur, também vimos que o Vale do Café apareceu pela primeira vez em uma pesquisa como um indutor espontâneo do turismo no Rio, ao lado de destinos já consagrados como Paraty, Angra dos Reis, Búzios e Petrópolis. O fortalecimento dos calendários de eventos no interior do estado também é fundamental para equilibrar a ocupação hoteleira o ano todo, além de ajudar no desenvolvimento na qualidade do serviço. Preencher a baixa temporada é essencial para elevar o padrão de turismo.

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A retomada do Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, também é decisiva nesse processo? Um aeroporto internacional competitivo é muito estratégico para o turismo. Ele facilita a chegada e a saída de visitantes, especialmente da América do Norte, Europa e Ásia, e posiciona o Rio como porta de entrada do Brasil. Desde que começamos a trabalhar pela retomada do Galeão, o total de passageiros cresceu muito, foi um aumento de 82% no ano passado em relação a 2023. Essa ampliação estimula conexões para outras regiões do país e gera um efeito em cadeia também para o turismo em todo o estado.

Eventos como o Todo Mundo no Rio, que trouxe Lady Gaga para o solo carioca este ano, tornaram-se primordiais para fomentar o turismo, principalmente na baixa temporada? Sem dúvida. Os megaeventos geram impacto econômico direto e reforçam o imaginário positivo da cidade. Reunir milhões de pessoas na praia, de forma gratuita, é algo único no mundo. Esse tipo de atração cria o que chamamos de “intertemporada” — períodos entre grandes festas como o Carnaval e o Réveillon já não são mais chamados de baixa temporada. Graças ao calendário agitado do estado, conseguimos manter em alta a taxa de ocupação hoteleira. É um ganho importante para a economia e para a imagem do Rio.

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Como o Rio tem se adaptado para atrair novos perfis de visitantes, como turistas internacionais e nômades digitais? O Rio se consolidou, durante a pandemia, como destino de nômades digitais, graças à infraestrutura herdada de megaeventos e aos avanços em conectividade. É uma cidade onde dá para viver, trabalhar e se locomover com facilidade. O Rio também tem uma facilidade que muitos destinos não têm: andar, andar e chegar até Ipanema. Ter acesso às belezas daqui. Para turistas estrangeiros, destacamos que somos o primeiro estado a investir no Tax-Free, iniciativa que permite o reembolso de impostos para turistas estrangeiros, por meio de cashback. É uma política comum em grandes destinos internacionais, como na Europa, e que pode aumentar nosso poder de atração. A expectativa é que o sistema comece a funcionar ainda neste segundo semestre deste ano.

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E quais as metas da Secretaria ainda para este ano?  Nossa meta inicial era crescer 20% em relação ao ano anterior, mas, com os resultados dos seis primeiros meses do ano — mais de 1 milhão turistas e um crescimento de 51% —, podemos superar a marca histórica de 2 milhões de visitantes internacionais, ultrapassando os números da Copa do Mundo e das Olimpíadas. O Rio conta com novos atrativos que colaboram com o turismo, como o Roxy Dinner Show, em Copacabana, uma casa de espetáculos comparável às melhores do mundo. Por isso, nosso foco é qualificar, diversificar e consolidar o Rio como destino internacional de experiências.

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É importante fomentar esse imaginário criado em torno da cultura carioca: a experiência de curtir a praia, tomar uma caipirinha, comer um biscoito Globo? Sem dúvidas. Por exemplo, o ator Hugh Jackman esteve em 2024 no Rio para lançamento do filme Deadpool & Wolverine, postou um vídeo pedalando na orla da Zona Sul, mostrando o Morro Dois Irmãos. Isso não tem preço, é uma divulgação global. Quando os bailarinos da Lady Gaga também postaram fotos curtindo as praias do Rio, isso alimenta mais esse imaginário. Por isso, levamos para feiras internacionais a cultura do Rio — o mate, a caipirinha, a feijoada — tudo isso ajuda a ampliar o interesse pelo destino.

Quais projetos futuros a secretaria pretende implementar para continuar fomentando o setor? Apostamos muito na criação da Escola Estadual de Turismo, em parceria com a Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec). A ideia é oferecer formação técnica com alta empregabilidade, conectada com as demandas reais do mercado. A primeira unidade será na comunidade Pavão-Pavãozinho, com expansão prevista para as doze regiões turísticas do estado. Queremos transformar vocação em oportunidade. O projeto deve começar a ser implementado no final do ano.

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Do ponto de vista pessoal, o que mais te orgulha nessa gestão? Eu assumi a Secretaria no meio da pandemia e lembro de brincar com o governador que ele queria enterrar minha carreira política, já que não tinha voo, nem hotel, nem evento na época. Mas ele enxergou no turismo uma saída estratégica para a retomada da economia. Ver o salto que demos desde então me enche de orgulho. Do Galeão retomado ao calendário robusto de eventos, da integração das doze regiões turísticas ao boom do turismo internacional, tudo isso mostra que o trabalho valeu a pena.

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