Com o auxílio do programa Crescer Saudável, integrante do Programa Saúde na Escola do Ministério da Saúde, novas abordagens a respeito do sobrepeso procuram combater a gordofobia, buscando a prevenção da obesidade infantil sem a reprodução de preconceitos ou estereótipos negativos.
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Neste domingo (11), quando se comemoram o Dia Mundial e o Dia Nacional de Prevenção da Obesidade, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) lembra a importância dos hábitos alimentares saudáveis e, também, a conscientização da população em relação ao tema do sobrepeso, em especial entre as crianças e adolescentes.
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A obesidade é uma doença crônica que atinge 20,8% dos brasileiros maiores de 18 anos, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde de 2013. Seus efeitos ocorrem sobre o corpo físico do obeso e, também, apresenta efeitos psicossociais. Segundo a SES, atitudes gordofóbicas podem partir da incompreensão do que é a obesidade, em geral. Isso traz uma espécie de culpa para o obeso por sua condição física, sem levar em conta os fatores existentes por trás da doença.
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Contexto
Na avaliação da coordenadora da Área Técnica de Alimentação e Nutrição da Superintendência de Atenção Primária à Saúde (SAPS) da SES-RJ, Katiana Teléfora, a obesidade deve ser entendida como uma doença crônica inserida dentro de um contexto biopsicossocial, englobando aspectos biológicos (genéticos e bioquímicos), sociais (culturais, familiares, socioeconômicos e médicos) e psicológicos (estado de humor, de personalidade e de comportamento). Ela defende que a obesidade deve ser discutida no âmbito da Atenção Primária à Saúde, sem culpabilização do indivíduo. “O resultado de um peso adequado não está centrado unicamente na pessoa e a escolha do tratamento pelo paciente deve ser respeitada”, apontou Katiana.
Tendo como foco a prevenção à obesidade infantil, o programa Crescer Saudável promove nos municípios os cuidados relativos à boa alimentação e nutrição, estímulo à atividade física e proteção à saúde das crianças e jovens. A Área Técnica de Alimentação e Nutrição da SES desenvolve ações articuladas entre a rede estadual de saúde, escolas públicas e as unidades de Atenção Primária. São trabalhados no programa incentivo às práticas corporais e o tratamento da obesidade.
“Damos orientações às coordenações municipais de como lidar com o tema sem que as crianças com sobrepeso fiquem resistentes por medo de ‘bullying’ (atos de violência física e psicológica de uma pessoa ou grupo contra um indivíduo)”, disse Katiana. Ressaltou ainda que as políticas públicas e a abordagem sobre o ato de comer não podem ser centralizadas na culpa para não fazer com que as crianças e adolescentes se retraiam.
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A psicanalista e professora do Internato em Nutrição e Saúde Coletiva da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Cristiane Marques, lembrou que a gordofobia nesse setor impacta o próprio tratamento contra a obesidade. Nesse sentido, destacou que uma abordagem mais abrangente do problema contribui para combater preconceitos internalizados por alguns profissionais de saúde no atendimento a pessoas com sobrepeso, que acabam ficando sem expectativa de êxito no tratamento. “Isso pode levar o indivíduo a deixar de voltar a esse profissional de saúde porque ele sabe que será culpabilizado”.
Isso pode gerar impacto especialmente nas crianças, que deixam de participar de atividades lúdicas e escolares, com possíveis desdobramentos adversos na adolescência, quando costumam ocorrer as mudanças físicas não público infantil.
Cristiane Marques acredita que a criação de novos hábitos alimentares requer o combate a estereótipos sobre o corpo, o que deve ser feito por meio de políticas públicas inclusivas de conscientização. A discussão sobre o preconceito social ajuda nessa tarefa, defendeu. “Temos que desconstruir essa ideia de que, para perder peso, é preciso apenas ter força de vontade”.