O que é preciso ser feito para que os mais necessitados tenham suas dores aliviadas? Ao tentar responder a essa pergunta, num dia em que estava particularmente indignada com as injustiças sociais, a terapeuta Gabriela Besser meditou e, munida de caneta e papel, escreveu o que lhe vinha à mente. Entre as muitas ideias alinhavadas naquela ocasião, uma vingou: o portal SuperAção, que há três anos dá apoio emocional a pacientes com câncer e a seus familiares. “Vi que, para solucionar os problemas, a nossa sociedade precisa de amor e respeito ao próximo. E o portal é um grande movimento de amor ao próximo e, em um sentido amplo, de transformação social”, define Gabriela. No site, o paciente ou seu familiar é chamado de superador e pode encontrar dicas e orientações de como lidar com o diagnóstico e com os efeitos colaterais do tratamento. Além disso, recebe apoio de pessoas que se curaram da doença, denominados anjos. Já os profissionais voluntários, como psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros, recebem a designação de arcanjos. “Fazemos um estudo do perfil dos inscritos e determinamos o melhor anjo para cada um. Pode ser alguém que tenha tido o mesmo tipo de câncer, de tratamento, que possua uma situação pessoal parecida”, detalha Gabriela. “Verificamos que a relação paciente-paciente é insubstituível. Afinal, como dizer que é difícil mas vai ficar tudo bem, sem ter passado por situação semelhante?”, avalia.
“Para solucionar todos os problemas, a nossa sociedade precisa de amor e respeito ao próximo”
Basicamente, todo o atendimento é on-line, por isso o auxílio é dado em qualquer dia, sem horário marcado. Ainda assim, Gabriela consegue promover encontros entre os superadores e os anjos. “Houve o caso de uma paciente já curada, um de nossos primeiros anjos, que pegou um avião em São Paulo e foi ao Ceará para visitar uma superadora que tinha acabado de passar por uma mastectomia”, recorda a terapeuta. Atualmente, o projeto conta com trinta anjos e 25 arcanjos em atividade, que atendem, gratuitamente, até 100 superadores por vez. Isso fora as 179 pessoas, entre pacientes e apoiadores, da lista de espera. Hoje, o portal depende muito de doações de amigos e familiares, o que limita a ação do grupo. “Estamos criando um aplicativo e buscando patrocínios para ampliar os atendimentos”, explica Gabriela. Para conhecer o trabalho, basta acessar o site https://www.portalsuperacao.org.br.