Por que terreno de Ronnie Lessa, réu no caso Marielle, será leiloado
Renda arrecadada com venda do lote de 3.500 metros quadrados no Condomínio Portogalo, em Angra, será usada para indenizar famílias de Anderson e Marielle
Um dos bens do ex-policial militar Ronnie Lessa, réu pelos homicídios da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, vai a leilão no dia 25 de agosto. De acordo com uma decisão judicial, o arresto da propriedade – com quase 3.500 metros quadrados no Condomínio Portogalo, em Angra dos Reis, na Costa Verde – servirá para indenizar as famílias das duas vítimas. Segundo o edital de intimação do leilão, assinado pela juíza Andréa Mauro da Gama Lobo D’Eça de Oliveira, da 1ª Vara Cível de Angra, o lote será vendido a quem oferecer o maior valor a partir de 520 mil reais, valor de sua avaliação.
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No documento, segundo o jornal O Globo, a magistrada pontua que o terreno localiza-se em “condomínio residencial, com segurança fixa e móvel, guaritas e câmeras; com acesso terrestre pela BR 101 (Rio-Santos) e também pelo mar”. Ela explica que a análise de seu valor se deu por amostragem de lotes similares no Portogalo — um terreno de 4.200 metros quadrados foi anunciado por 790 mil reais e outro, de 2.420 metros quadrados, por 490 mil reais.
O espaço está situado no lote 67 da gleba D, onde Lessa sonhava construir uma fortaleza de dois andares. Foi o que descobriram os policiais, ao cumprirem um mandado de busca e apreensão na casa de Lessa, na Barra, em junho de 2020, ao encontrarem a planta de um muro de três metros de altura, aprovada pela prefeitura de Angra. A construção cercaria o terreno e a obra havia sido orçada em 123 mil reais. Lessa também é proprietário de um imóvel no condomínio Píer 51, em Mangaratiba, também na Costa Verde, e de uma casa no Vivendas da Barra, onde mora o ex presidente Jair Bolsonaro (PL). A pedido do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio, o juiz Gustavo Kalil, do IV Tribunal do Júri, determinou o sequestro de todos.
Em sua sentença, Kalil escreveu: “Havendo verossimilhança de dilapidação ou ocultação de bens, a fim de assegurar o potencial direito à indenização a ser exercido em caso de condenação, determino o arresto até o limite dos valores requeridos a título de indenização de todos os bens móveis e imóveis”. Também foi localizada na casa do ex-PM outra planta, referente a um terreno registrado no nome de seu irmão. O imóvel fica em um condomínio de luxo no mesmo bairro. No local, Lessa planejava erguer uma mansão de três andares com elevador já que, em 2009, ele perdeu a perna esquerda na explosão de uma bomba colocada dentro de seu carro.
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Na ação, ainda foram apreendidos dois veículos blindados — Infiniti FX35 V6 AWD e Range Rover Evoque, cada um avaliado em cerca de 150 mil reais. Uma lancha registrada no nome de Alexandre Motta de Souza, amigo de infância de Lessa, também fazia parte de seu patrimônio. Alexandre foi preso por ser flagrado em seu apartamento, no Méier, Zona Norte da cidade, com 117 fuzis do ex-PM desmontados.