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Aline Salcedo

Por Aline Salcedo, jornalista e maratonista que corre atrás de boas histórias Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Os números confirmam: o Rio é a capital brasileira da corrida de rua

Liderando o pelotão nacional, a cidade soma quase 200 provas em 2025 e transforma o esporte em motor de turismo e desenvolvimento socioeconômico

Por Aline Salcedo
Atualizado em 23 abr 2025, 10h28 - Publicado em 22 abr 2025, 15h36
Cenário ideal para corredores, o Rio transforma esporte em cultura urbana: a orla é uma das rotas preferidas entre iniciantes e maratonistas
Corredora há mais de uma década, Aline Salcedo testemunha de perto a transformação do Rio em polo da corrida de rua do país (Arquivo Pessoal/Arquivo pessoal)
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Já corri em muitas cidades, no Brasil e no mundo, ao longo dos últimos 12 anos. Mas é no Rio que acompanho de perto o surgimento de uma verdadeira cultura da corrida para todos, que atravessa bairros, classes sociais e gerações com atletas e amadores se espalhando da Zona Sul à Zona Norte. Para além da competição, a cidade inspira e atrai: só para se ter uma ideia, na próxima Maratona do Rio, marcada para junho, 85% dos inscritos – quase 47 mil pessoas – vêm de fora só porque escolheram correr aqui.

Corridas menores, temáticas e com menor demanda logística também se multiplicaram. O Rio de Janeiro — literalmente — virou pista: segundo a Secretaria Municipal de Esportes, a cidade deve sediar 190 corridas de rua em 2025 (foram 131 em 2023 e 173 em 2024). O número impressiona ainda mais quando comparado a São Paulo: a maior metrópole do país e centro financeiro nacional tem 139 provas previstas para este ano — 51 a menos que o Rio, segundo o calendário publicado no Diário Oficial.

O crescimento expressivo de provas no Rio não se resume à Zona Sul, que segue como recordista (foram 87 em 2024): a corrida se espalhou de forma democrática, com 30 provas na Zona Oeste e 28 tanto no Centro quanto na Zona Norte. São dados que confirmam o que os cariocas já sabem na prática: o Rio se tornou a capital brasileira da corrida de rua

O Rio comporta várias provas por fim de semana e tem estrutura para isso. Criamos regras, atuamos em conjunto com os organizadores e garantimos que o calendário esportivo e a mobilidade da cidade convivam bem. Isso não é mais sazonal. Não é moda. É um hábito que se espalhou, que movimenta a cidade e que hoje é parte da nossa identidade”, me contou orgulhoso o secretário municipal de Esportes, Guilherme Schleder, com quem conversei sobre o papel do poder público nesse movimento. 


O Rio vai puxando o pelotão

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A
Maratona do Rio, principal evento do calendário, é o símbolo maior desse fenômeno. Em 2024, gerou R$355 milhões em movimentação econômica, atraiu 135 mil pessoas e criou quase 3 mil empregos diretos e indiretos. Para 2025, o aumento é de mais de 20%, com 55 mil inscritos e um público estimado de 160 mil pessoas passando pela Casa Maratona. “Quando você atrai eventos como esse, atrai também turismo, renda e ocupação urbana. As pessoas vêm para correr e aproveitam para viver o Rio. Isso movimenta a cidade inteira”, afirma o secretário.

O Rio corre — e puxa o pelotão. De acordo com o relatório Year in Sport 2024, da plataforma Strava, o Brasil teve um aumento de 109% na criação de grupos de corrida, quase o dobro da média global. Com o Rio sediando quase 200 provas, é natural imaginar que boa parte desses corredores passem por aqui. Não por acaso, a Maratona do Rio acaba de anunciar o Strava como parceiro oficial. A conexão vai além do marketing: é um reflexo do quanto correr, no Rio, está em franca expansão.


Corrida para todos 

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Mais do que comportar, a cidade
impulsiona todo esse movimento. Além de organizar o calendário, o poder público entendeu que a corrida é muito mais do que esporte. E investiu nisso: hoje temos 28 equipamentos esportivos ativos, incluindo Vilas Olímpicas e o Parque Radical de Deodoro; e mais de 150 mil pessoas atendidas por projetos de iniciação esportiva, como o Rio em Forma. “Essa base é o ponto de partida. Da iniciação esportiva, nasce o gosto pelo movimento, pelo esporte. E daí nascem corredores”, resume o secretário, que compartilhou comigo seu envolvimento pessoal com o tema.

Não posso dizer que sou um corredor, mas já participei de algumas provas na cidade. Há umas semanas, o ministro do Esporte, André Fufuca, esteve aqui no Rio para conhecer mais sobre como fazemos o planejamento para as nossas corridas de rua, e combinamos de participar juntos da prova de 5km da Maratona do Rio, revelou.

Ver toda essa estrutura crescer me emociona. Mais do que estatísticas, tem sentimento, tem mais gente ocupando a cidade com alegria. Grupos de corrida ao redor do Maracanã, mães empurrando carrinhos na orla, mulheres voltando a confiar no próprio corpo. Não se trata apenas de atletas ou medalhas — mas de uma cidade que se reconecta com ela mesma por meio de um gesto tão simples quanto colocar o pé na rua. 

E se você ainda está de fora, o convite está feito: venha correr. Provas não faltam — seja de 5km ou 42km, tem corrida quase todo fim de semana e para todos os tipos de corredores. No Rio, mais do que um esporte, correr virou um jeito de viver a cidade. E tem sempre espaço para mais um no pelotão.

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