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Analice Gigliotti

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Comportamento

Pesquisa: 8,7% dos adolescentes brasileiros consumiram vapes no último ano

Levantamento Nacional de Álcool e Drogas apresenta dados inéditos sobre tabagismo no Brasil

Por Analice Gigliotti
Atualizado em 16 jul 2025, 12h34 - Publicado em 15 jul 2025, 17h27
Foto de um cigarro quebrado com nicotina saindo.
Outro dado surpreendente é o índice de adolescentes que já experimentaram algum produto com nicotina: 8,3% dos meninos e 10,5% das meninas, entre 14 e 17 anos. (Freepik/Reprodução)
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De acordo com o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), com foco no tabagismo e no uso de dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), cerca de 15% da população brasileira já fez uso de algum produto com nicotina. Foram ouvidas 16 mil pessoas em todo o país.

O cigarro tradicional permanece sendo o mais utilizado (12,2%), mas os cigarros eletrônicos já foram consumidos por 5,3% da população. A sondagem mostrou ainda que 1,9% dos entrevistados faz uso combinado do cigarro tradicional e do eletrônico, o que representa maior risco de dependência e exposição simultânea a substâncias tóxicas.

Outro dado surpreendente é o índice de adolescentes que já experimentaram algum produto com nicotina: 8,3% dos meninos e 10,5% das meninas, entre 14 e 17 anos, dos quais 78% disseram não ter encontrado dificuldades para adquirir os produtos, mesmo com a comercialização dos dispositivos eletrônicos proibida pela Anvisa há mais de 15 anos.

A prevalência do uso de cigarros eletrônicos entre adolescentes no Brasil é cinco vezes maior do que a de consumo do tabaco convencional e está acima da média nacional e do uso entre adultos, mostram dados inéditos do terceiro Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad III).

Segundo a pesquisa, 5,6% da população com 14 anos ou mais utiliza os dispositivos no Brasil, 3,7% de forma exclusiva e 1,9% em conjunto com o tabaco convencional. Já entre os adolescentes de 14 a 17 anos, a prevalência é maior: 8,7% dos jovens consumiram vapes no último ano. Enquanto isso, entre os adultos, o percentual foi de 5,4%.

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Sobre os vapes, 76,3% dos adolescentes que experimentaram cigarro eletrônico passaram a fazer consumo regular. Além disso, os aparelhos não auxiliaram na cessação do tabaco tradicional, uma promessa da indústria. Cerca de 78% dos usuários gerais que fazem uso conjunto não reduziram o consumo do modelo à combustão. Apenas 8,9% de fato largaram o cigarro tradicional.

O estudo também indicou diferenças por região. A nicotina é mais consumida nas regiões Centro-Oeste (20,5%) e Sul (20,2%) e menor no Norte (9,9%) e no Nordeste (12,6%). No recorte por gênero, os homens seguem à frente. Porém, ficou evidente o aumento do uso de cigarros eletrônicos por parte das mulheres.

A pesquisa mostrou que a maioria da população também percebe os cigarros eletrônicos como nocivos (94,7%). Trata-se de um alento em um cenário bastante assustador sobre o tabagismo. Com tudo que já se sabe a respeito dos malefícios do cigarro, continuamos a testemunhar os brasileiros aderindo à adição. É especialmente incômodo os números acerca dos jovens. As implicações deste comportamento são imediatas – com jovens internados cada vez mais cedo para tratamento de males do sistema respiratório que só víamos em fumantes de cigarros por décadas –, mas também é possível enxergar o estrago a longo prazo: na qualidade de vida dos usuários, nas finanças e no sistema de saúde públicos.

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Analice Gigliotti é Mestre em Psiquiatria pela Unifesp (CRM 5249669-2 e RQE 21502); professora da PUC-Rio; chefe do setor de Dependências Químicas e Comportamentais da Santa Casa do Rio de Janeiro e diretora do Espaço Clif de Psiquiatria e Dependência Química.

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