Registros do passado: família paulista passeia pelo Rio de Janeiro de 1970
Pai, mãe e filha paulistanos foram da Urca até a Barra em uma tarde de setembro há quase 53 anos
![Família paulistana (pai, mãe e filha) na Praça General Tibúrcio, na Praia Vermelha, Urca (setembro de 1970)](https://beta-develop.vejario.abril.com.br/wp-content/uploads/2023/06/4-9.png?w=750&h=484&crop=1)
As imagens mostram uma família (pai, mãe e filha) de São Paulo, capital, visitando a nossa cidade. Era setembro e o Brasil havia recentemente conquistado o tricampeonato na Copa do México. O nosso país era, como de costume, um lugar de muitas contradições.
A ditadura estava no seu auge, com censura, prisões, exílios e tortura comendo solto nos porões dos quartéis. Por outro lado, a classe média estava animada, embalada pelo rápido crescimento do “milagre econômico” e pelo discurso oficial do “este é um Brasil que vai pra frente”. A cidade do Rio, que há dez anos havia deixado de ser a capital, tinha pouco mais da metade da população que tem hoje e suas ruas eram, de fato, mais tranquilas e seguras.
No passeio, a família foi à Praia Vermelha, tirando uma foto na Praça General Tibúrcio, e logo foram a Ipanema, a praia chique de então. Lá fizeram fotografias em frente ao comércio tão popular e colorido de brinquedos de plástico e junto às pequenas dunas que ficavam bem próximas ao calçadão.
![3 (10) Parada em Ipanema: à esquerda, filha posa para foto em frente ao comércio de brinquedos de plástico; à direita, pai e filha diante das dunas](https://beta-develop.vejario.abril.com.br/wp-content/uploads/2023/06/3-10.png?&w=1024&crop=1)
Naquela fria tarde de inverno há quase 53 anos, a menina vestia um modelito de “couro molhado”, bem na moda da época.
Na primeira foto, vemos um austero Aero-Willys desfilando tranquilo pela avenida Vieira Souto e, como não podia faltar, aquela esculhambação carioca de sempre: um Karman-Ghia e uma Variant estacionados com apenas duas rodas na calçada (não havia ainda ciclovias).
Depois do passeio por Ipanema, a família paulista passou por São Conrado, a caminho da Barra da Tijuca. Antes de seguir caminho pelo Joá, almoçaram churrasquinho com batata frita no restaurante Bar Bem, com direito a um pit stop no enorme tobogã que ficava ali pertinho do Hotel Nacional.
Já no Joá, deram uma parada para admirar a construção do elevado de dois andares que muito facilitaria a viagem até o novíssimo bairro da Barra da Tijuca.
![2 (9) No caminho até a Barra, uma parada para ver o tobogã em São Conrado e para ver as obras do elevado do Joá](https://beta-develop.vejario.abril.com.br/wp-content/uploads/2023/06/2-9.png?&w=1024&crop=1)
E você? Tem memórias de família que gostaria de compartilhar com a gente? Pode mandar fotos e texto para o e-mail contato@rioantigo.org, que a gente vai adorar receber!
*Daniel Sampaio é advogado, memorialista e ativista do patrimônio. Fundou o Instagram @RioAntigo e é presidente do Instituto Rio Antigo.
**Imagens extraídas do blog Cariocadorio.