Do Rio para o mundo, futevôlei ensaia grito de independência
CEO da Liga Mundial, Luiz Gomes investe na globalização, com torneios entre países, e na expansão do esporte para praças, clubes, escolas, condomínios
Onipresente na orla carioca, o futevôlei ensaia ganhar o mundo. Assim orquestra o brasileiro Luiz Gomes, CEO da Liga Mundial (World Footvolley), cujo torneio reunirá as seleções brasileira, argentina, italiana, americana, israelense e paraguaia nos dias 15 e 16 de outubro, em São Paulo, com transmissão do SporTV.
Radicado nos Estados Unidos há quase 20 anos, Gomes ajustou princípios do marketing esportivo americano à gestão do tênis na Rio 2016. Agora os transporta para a internacionalização do futevôlei, jogado em aproximadamente 40 países. “Ela parte do Brasil”, enfatiza o empreendedor, em conversa por telefone.
A globalização larga do nosso quintal. Luiz Gomes convoca parceiros públicos e privados para expandir a modalidade a praças, escolas, clubes. Enquanto afina o grito de independência da praia, ele aposta na consolidação do futevôlei como entretenimento multimídia.
O futevôlei é uma bola da vez no mercado esportivo?
Acredito que sim. É a modalidade com maior valor de entretenimento entre os esportes ainda de visibilidade relativamente baixa.
Como melhorar a visibilidade?
Consolidando-o como um espetáculo global. O futevôlei é mais do que brincadeira de praia. Tem um grande potencial de entretenimento, porque mistura dois esportes populares (futebol e vôlei), com regras simples e um formato dinâmico. Além disso, é praticado e cultuado por astros do futebol, como Ronaldinho Gaúcho e Neymar.
Qual o peso da Liga Mundial para o ambicionado amadurecimento?
Ela é o eixo da internacionalização iniciada em 2016, com torneios e ranking de seleções. Isso jamais tinha sido feito de forma coesa.
Depois de suspensa pela pandemia, a competição mundial foi retomada ano passado, em Copacabana, e segue em 2022, na capital paulista. A ideia é expandir o futevôlei também pelo Brasil?
Sim, é preciso estender a atividade além da areia, além da praia e dos grandes centros. Queremos expandi-la para escolas, clubes, praças, campinhos de bairro, como instrumento de bem-estar e inclusão, no Rio, em São Paulo, em cidades menores, no interior do país. Parcerias públicas e privadas serão fundamentais neste caminho.
Mas o Rio continua um cartão de visitas do futevôlei, não?
Certamente. Embora hoje São Paulo já reúna mais praticantes (cerca de 70 mil, contra 50 mil), o Rio é a cara do futevôlei. E vice-versa: o futevôlei representa uma enorme vitrine do Rio como segmento esportivo. Simboliza diversão, beleza, criatividade, simpatia, estilo de vida saudável. Mas precisa ser pensado não só como uma diversão praiana. Ele é também um instrumento de inclusão, um entretenimento midiático e uma oportunidade de negócios.
Essa oportunidade deriva da sua globalização?
Exato, como observamos, por exemplo, com o vôlei de praia. A diferença é que a globalização do futevôlei parte do Brasil. Para isso, o futevôlei tem de se consolidar como entretenimento multimídia. Por isso, a Liga Mundial desdobra o esporte em websérie, documentário, quiz, tutorial, canal no YouTube.
O público feminino também parece decisivo para a arrancada do futevôlei. As escolinhas recebem cada vez mais jogadoras…
O número de jogadoras triplicou em três anos. Muitas buscam também aprimorar a condição física. Elas chegam a 25% dos praticantes.
Imagino que o crescimento se reflita no torneio feminino simultâneo ao Mundial, reunindo seleções de oito estados brasileiros…
E com premiações equivalentes às do torneio masculino, entre países. Isso se soma aos esforços para diversificar e ampliar a base de jogadores, para democratizar cada vez mais o futevôlei: levar as escolinhas à periferia, facilitar a sua prática, torná-la acessível aos diversos públicos no Rio, no Brasil. A globalização começa por aí.
Qual a importância do Mundial neste curso?
Integrar a comunidade esportiva, expandir a força midiática do futevôlei e estimular a sua prática e a sua audiência. O Mundial será transmitido para cinco países. O apelo de mídia vem dos craques, que viram ídolos como a Natália e o Felipinho, e da própria dinâmica do jogo. Futevôlei é ágil, fácil de entender, visualmente atrativo. Uma fórmula potente para atrair novos públicos.
Caso a globalização e a midiatização avancem, que crescimento você projeta para o futevôlei nos próximos anos?
Creio que a quantidade de praticantes aumente 50% em três anos, inclusive no Rio.
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Alexandre Carauta é doutor em Comunicação, mestre em Gestão Empresarial, pós-graduado em Administração Esportiva, também formado em Educação Física.