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Esquinas do Esporte

Por Alexandre Carauta, jornalista e professor da PUC-Rio Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Pelos caminhos entre esporte, bem-estar e cidadania
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Primavera de atividade física é uma prioridade ao bem-estar

Beldades ao ar livre, como Lagoa e orla, estimulam reencontro com hábito esportivo, determinante para melhorar a saúde física, mental, social

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Atualizado em 27 set 2021, 16h09 - Publicado em 25 set 2021, 15h38
Atividade física ao ar livre. (Pedro Peste/Thisquad/Divulgação)
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A primavera coleciona reverências no cinema, na literatura, na música. Inspirou um dos mais famosos concertos, o primeiro das Quatro estações, série composta pelo italiano Antonio Vivaldi em 1723. A melodia parou até em propaganda de sabonete. Integra também a degustação de clássicos com os quais o aristocrático Philippe (François Closet) tenta expandir a sensibilidade musical do heterodoxo cuidador Driss (Omar Sy) numa das melhores sequências de Intocáveis. O contragolpe vem com Earth, Wind & Fire. No embalo de Boogie Wonderland, Driss encarna Travolta e faz a turma ali requebrar, inclusive a orquestra contratada para o aniversário do patrão.

Nenhum esqueleto resiste ao eterno sucesso de 1979. A imemorial magia da música e da dança é sempre uma boa alternativa para romper o magnetismo do sofá. Vida ativa pavimenta o bem-estar, desde que não seja confundida com a pressa e com o imediatismo naturalizados no dia a dia contemporâneo.

Dançar, caminhar, pedalar. Talvez nunca tenhamos precisado tanto do encontro ou reencontro com a atividade física regular. Bálsamo contra o estresse crônico, contra a ansiedade, contra os tormentos à integridade mental intensificados na pandemia

Trinta minutos por dia de exercício moderado já fazem um bem tremendo à mente e ao corpo. Assim prescreve o Colégio Americano de Medicina Desportiva.

O hábito previne doenças, aumenta a vitalidade, afugenta o desânimo. Melhora o sistema imunológico, o rendimento físico e intelectual, o controle do peso, a memória, a libido, a autoestima.

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Inúmeras pesquisas atestam a extensão dos ganhos (por exemplo, Benefícios do exercício físico para a qualidade de vida, publicada em 2003 na Revista Brasileira de Atividade Física: Saúde, e os 13 artigos publicados em setembro de 2020 no periódico Froniters in Phisiology). Envolvem desde a redução do risco de obesidade, diabetes, câncer até o auxílio no tratamento de hipertensão, Parkinson, Covid-19.

A atividade física regular também ajuda a prevenção e a reabilitação de doenças cardiovasculares (DCV) – fontes de 44% das mortes do planeta, segundo a Organização Mundial da Saúde. Mesmo “quantidades mínimas de exercício em ambiente domiciliar” – como caminhar por 20 minutos entre três e cinco dias por semana – “promovem reduções no risco de mortalidade por DCV, através da melhora da pressão arterial sistêmica e controle glicêmico”, constatam Wallace de Souza, Diogo Bezerra e Michel Reis, da UFRJ, em artigo publicado na Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício.

Os pesquisadores assinalam que a prática favorece ainda “a capacidade funcional, a força muscular, o estado mental e social e a qualidade de vida”. Constitui, portanto, o avesso dos danos clínicos e funcionais causados pelo sedentarismo.

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Nem a intensidade nem o tipo de atividade física importam tanto quanto a regularidade, para consumar os dividendos à saúde. Conter excessos, calibrar o exercício à individualidade biológica e buscar acompanhamento especializado são cuidados igualmente necessários à segurança e ao retorno desejado.

Exercícios regulares mostram-se tão decisivos à saúde quanto a alimentação balanceada. Estimulá-los e democratizá-los deveria configurar-se uma política pública prioritária. Tarefa nada fácil num país em que, conforme o IGBE, aproximadamente 20 milhões lutam contra a fome. Os Conselhos de Medicina e de Educação Física haveriam de incluir na agenda campanhas que contribuíssem para afastar a missão do impossível.

Enquanto isso, cariocas podem oxigenar o encontro ou o reencontro com a malhação nas beldades ao ar livre. A Lagoa, a Quinta, a orla, o Cristo estimulam o primeiro e os demais passos do hábito esportivo. Na primavera, o convite insinua-se tão irresistível quanto o chamado de Boogie Wonderland.

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Alexandre Carauta é doutor em Comunicação, mestre em Gestão Empresarial, pós-graduado em Administração Esportiva, também formado em Educação Física.

 

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