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Fábio Barbirato

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Psiquiatra infantil

Caso do adolescente que matou a família: o que significa tanta violência?

Assassinato da família por parte de adolescente chocou o país

Por Fábio_Barbirato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
30 jun 2025, 13h20
Homem segura uma arma.
à primeira vista, é possível constatar clássicos traços de psicopatia, como a frieza, a falta de empatia e de arrependimento.  (Freepik/Reprodução)
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O crime aconteceu na pacata cidade de Itaperuna, no interior do Rio de Janeiro, mas chocou todo o Brasil. Um jovem, de apenas 14 anos, matou o pai, a mãe e o irmão mais novo, em casa, com tiros provenientes da arma do próprio pai. Até onde se sabe, o motivo seria torpe: os pais não haviam permitido que o rapaz fizesse uma viagem para encontrar uma jovem. O requinte de crueldade chegou a ponto de esconder os três corpos na cisterna da casa.

Segundo a imprensa, as investigações também revelaram que o adolescente acessou o aplicativo do banco, do celular do pai, que revelou que ele tinha um saldo de 33 mil reais. O jovem chegou a realizar buscas na internet sobre como realizar saques de benefícios em nome de pessoas falecidas.

O delegado que investiga o caso destacou a frieza do rapaz em depoimento à polícia. “Ele estava frio, conversou como qualquer pessoa, numa boa, sem pressão, foi espontâneo, quis falar o que tinha acontecido ali. Em casos assim, é comum as pessoas omitirem partes, mas ele foi direto, contou o que fez e afirmou que não se arrepende”, relatou. O jovem foi encaminhado a uma unidade socioeducativa, onde ficará internado provisoriamente por decisão da Justiça.

Obviamente, não é possível fechar diagnóstico sobre um eventual transtorno do jovem. Mas, à primeira vista, é possível constatar clássicos traços de psicopatia, como a frieza, a falta de empatia e de arrependimento.

Estamos acompanhando, cada vez mais, uma juventude violenta, que faz do uso da força uma resposta às suas questões. Isso pode ser creditado, em grande medida, ao fato de que trata-se de uma geração que, desde pequena, não ouviu “nãos”, não foi confrontada nos seus desejos, seja por culpa por ausência ou por excesso de zelo dos pais.

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Soma-se a isso, o fato de que os pais estão cada vez mais desinformados sobre quem são seus filhos, o que eles consomem, o que assistem, seus interesses. Criam verdadeiros estranhos dentro de casa, separados por paredes ou telas.

Jovens violentos sempre existiram, o que assusta agora é a frivolidade do motivo dos crimes cometidos com cada vez mais frequência. Há muito pouco tempo, o mundo se mobilizou em torno da série inglesa “Adolescência” (Netflix), em que um garoto aparentemente inocente, comete um crime bárbaro por motivo irrelevante. O jovem de Itaperuna vai ainda mais longe e comete o crime contra a própria família.

Fabio Barbirato é psiquiatra pela ABP/CFM e responsável pelo Setor de Psiquiatria Infantil do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na pós-graduação em Medicina e Psicologia da PUC-Rio. É autor dos livros “A mente do seu filho” e “O menino que nunca sorriu & outras histórias”. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

 

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