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Fábio Barbirato

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Psiquiatra infantil

Pornografia pelo WhatsApp: cuidados ao emprestar o celular para os filhos

Perguntas sobre sexo devem ser respondidas de acordo com o amadurecimento das crianças

Por Fabio Barbirato
Atualizado em 28 abr 2022, 10h38 - Publicado em 22 abr 2022, 10h44
Homem segura um aparelho de celular.
“Golpe do 0800” : uma espécie de evolução do golpe da central telefônica, através do qual os bandidos ligavam para o telefone da vítima simulando ser de um banco. (Shutterstock/Reprodução)
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Tem se tornado assunto recorrente em rodas de pais e mães: grupos de WhatsApp que só tem homens – amigos antigos de colégio, do futebol ou do clube, um ambiente em que contam com intimidade e sigilo – tem por hábito compartilhar memes, gifs, piadas e até vídeos com conteúdo pornográfico. A rigor, não haveria nada de grave se não fosse um ponto: cada vez mais, pais tem compartilhado o celular com os filhos para entretê-los em restaurantes, filas de espera ou até mesmo em casa.

O fato é que enquanto a criança está ocupada na tela de um joguinho ou de um desenho no Youtube… entra a notificação do tal grupo de amigos. Muitas crianças tem clicado no alerta que as leva direto para o conteúdo adulto. São frequentes os relatos de crianças que procuraram os pais para entender o que era “aquele vídeo” que começou a rodar no celular ou mesmo para entender “por que esse homem e essa mulher estrão fazendo isso?”. Além do enorme constrangimento, trata-se da antecipação precoce de um assunto que de maneira nenhuma deve ser abordado com crianças pelo viés da pornografia.

É importante esclarecer: crianças de todas as idades externam curiosidades sobre sexo e os órgãos sexuais. O problema não está no tema, mas no conteúdo e na forma de falar sobre ela, de acordo com cada idade. Se uma criança na primeira infância, até cinco anos, faz questionamentos normais para sua idade de que forma entrou na barriga da mãe ou de onde veio os pais devem responder de forma simples, de modo que as crianças possam entender, esclarecendo que esses assuntos fazem parte do universo dos adultos e que, na hora certa, a criança irá entender.

Já na pré-adolescência, entre 10 e 14 anos, podem aparecer dúvidas mais objetivas sobre como se faz sexo, sobre as mudanças no corpo e na voz, típicas da idade, além de masturbação, camisinha, gravidez e orgasmo. Os jovens devem contar com o acolhimento dos pais para tirarem suas dúvidas com um diálogo franco. Pai, mãe ou responsável, ao lado da escola, são um ponto de confiança para questionamentos sobre a educação sexual.

Adolescentes, tão acostumados a compartilhar momentos do dia a dia em redes sociais, devem aprender que sexo é um assunto de foro íntimo, que não deve ser filmado ou compartilhado, que só deve ser feito com consentimento e que não cause danos físicos ou emocionais ao parceiro.

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Portanto, qualquer forma de contato com o que seja sexo via pornografia no celular dos pais deve ser rigorosamente evitado, visando uma educação e um amadurecimento sexual adequados e sadios. Se o seu filho usa seu celular, cuidado redobrado com o que você acessa ou compartilha.

Fabio Barbirato é psiquiatra pela ABP/CFM e responsável pelo Setor de Psiquiatria Infantil do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na Pós Graduação em Medicina e Psicologia da PUC-Rio. É autor dos livros “A mente do seu filho” e “O menino que nunca sorriu & outras histórias”. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

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