Ultraprocessados aumentam risco de morte precoce, afirma novo estudo
Alimentos como sorvetes, biscoitos, refrigerantes, doces, cereal matinal e macarrão instantâneo fazem parte dos ultraprocessados

Estudo de pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a partir de dados de consumo alimentar em oito países, incluindo o Brasil, apresentou dados reveleadores. Segundo a pesquisa, a cada 10% de aumento da ingestão de alimentos ultraprocessados o risco de morte prematura sobe 3%. De acordo com a pesquisa, as mortes precoces que podem ser atribuídas a esses alimentos variam de 4% até cerca de 14%, conforme a quantidade de ultraprocessados na dieta em cada país. As conclusões do estudo são apresentadas em artigo da revista científica American Journal of Preventive Medicine.
O estudo analisou dados de consumo alimentar e mortalidade de quase 240 mil participantes em oito países: Austrália, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Estados Unidos, México e Reino Unido, apresentando diferentes níveis de consumo de ultraprocessados, variando de 15% das calorias na Colômbia até perto de 55% nos Estados Unidos e Reino Unido. Segundo os pesquisadores, mesmo em cenários de consumo relativamente menor de ultraprocessados, existe um peso significativo sobre a saúde da população. Ou seja: quanto maior o consumo, maior o impacto na mortalidade.
Especificamente quanto ao Brasil, embora o país esteja no grupo da pesquisa que menos consomem ultraprocessados, os dados confirmam que a exposição e o consumo deste grupo alimentar só fazem crescer. De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares, a estimativa é de 25 mil mortes precoces ao ano associadas a ultraprocessados (o equivalente a 4,5% do total).
Alimentos ultraprocessados, como sorvetes, biscoitos, refrigerantes, doces, cereal matinal, macarrão instantâneo e outros industrializados, são feitos a partir de substâncias derivadas de alimentos ou sintetizados, como amidos modificados, proteínas, isoladas, óleos refinados e aditivos cosméticos, com pouco ou nenhum alimento in natura ou minimamente processado. São alimentos ricos em sódio, açúcar e gorduras e, por isso, desequilibrados nutricionalmente. Geralmente tem baixo custo para o consumidor e são de fácil agrado para o paladar, uma combinação bastante atrativa, porém nociva à saúde de quem os consome. É comprovado que a ingestão de ultraprocessados está associado a risco de diversas doenças, como obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e digestivas, e até depressão.
A alimentação equilibrada é um dos pilares para uma vida saudável, além de outras ações positivas, como a prática de exercícios físicos, realização de check-ups regulares, sono reparador, consumo reduzido de álcool e distância do cigarro.
Saúde é prevenção!
Gilberto Ururahy é médico há mais de 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, inaugurou a Med-Rio Check-up, líder brasileira em check-up médico e medicina preventiva. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França, é membro honorário da Academia Brasileira de Medicina de Reabilitação e coautor de livros: Como tornar-se um bom estressado (editora Salamandra), O cérebro emocional (Rocco), Emoções e saúde (Rocco) e Saúde é prevenção (Rocco, com o médico Galileu Assis). Ururahy é diretor da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Rio) e Chairman do Comitê de Saúde e diretor da Câmara de Comércio França-Brasil e Coordenador do Comitê de Saúde.