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Histórias do futebol carioca

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Taça GB 1984, quando o Fla-Flu entrou na campanha presidencial

O domingo das eleições para deputados estadual e federal, senador e 1º turno para governadores e presidente se aproxima mas o envolvimento do mundo do futebol com a campanha política é o mesmo dos últimos anos, praticamente nenhum, com as exceções dos candidatos ex-atletas, o que pode-se considerar até um sinal de maturidade da democracia […]

Por Bruno Salles
Atualizado em 25 fev 2017, 18h31 - Publicado em 3 out 2014, 04h05
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O domingo das eleições para deputados estadual e federal, senador e 1º turno para governadores e presidente se aproxima mas o envolvimento do mundo do futebol com a campanha política é o mesmo dos últimos anos, praticamente nenhum, com as exceções dos candidatos ex-atletas, o que pode-se considerar até um sinal de maturidade da democracia (ou do mundo do futebol?), afinal de contas, política e futebol não devem se misturar mesmo.

Curiosamente o episódio mais marcante do envolvimento do futebol carioca com campanhas políticas se deu em 1984, quando o Brasil vivia um processo de redemocratização mas ainda era presidido por um general, João Batista Figueiredo, tinha dois civis em campanha para presidente, Tancredo Neves e Paulo Maluf, mas ainda não sabia se a eleição seria direta ou indireta.

Paulo Maluf era o candidato da ditadura, que queria ser eleito de forma indireta, ao contrário de Tancredo Neves, que era o candidato de oposição à ditadura e queria ser eleito de forma direta, e esteja totalmente engajada na campanha, ao final frustrada, “Diretas Já”, que lotava praças Brasil afora.

O que o Fla-Flu tinha a ver com tudo isso? Tudo começou com um enfarto sofrido pelo presidente Figueiredo em 1983, a ajuda do preparador físico Nazareno Tavares no processo de recuperação e a forma de agradecimento de Figueiredo, que foi indicar Nazareno para trabalhar no Fluminense, seu clube de coração.

Além de trabalhar na comissão técnica do tricolor, Nazareno aproximava personagens do mundo do futebol e do mundo da política, sendo praticamente um cabo eleitoral de Paulo Maluf, sobre quem dizia que faria muito pelo esporte e pelo futebol, o que, segundo ele, convencia atletas a apoiarem a candidatura.

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Na semana que antecedeu o Fla-Flu que decidiria a Taça Guanabara de 1984 alguns jogadores tricolores foram a Brasília presentear o presidente Figueiredo com a faixa de campeão brasileiro e, levados por Nazareno, fizeram uma visita de apoio a Maluf, o que incentivou jogadores e torcedores rubro-negros a apresentar manifestações no sentido contrário, ou seja, apoiando as Diretas Já e a candidatura de Tancredo Neves.

fla-flu-1984-01

No domingo do Fla-Flu, o clima político tomou conta do Maracanã, com diversas manifestações de apoio a Tancredo e a Diretas Já vindo de todos os lados do Maracanã, como a faixa “O Fla não Malufa” dos rubro-negros e “Maluf não, Tancredo é a solução” dos tricolores, o que mostrava como ficou conturbado o clima no Fluminense a ponto de, como reconheceram o técnico Luis Henrique e o supervisor Newton Grauna, ter influenciado na derrota de 1×0, gol de Adílio, e na perda da Taça Guanabara.

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Dali para frente, o Flu se recuperou, conquistou o bi carioca no fim daquele ano e o tri carioca no ano seguinte, e na política a campanha das Diretas Já não teve sucesso, Tancredo Neves foi eleito, de forma indireta, o primeiro presidente civil do Brasil em 20 anos, estava internado no dia da posse e morreu sem ter assumido a presidência, o que coube ao seu vice José Sarney.

Mas talvez a parte mais curiosa da história seja o destino de Nazareno. Entre 1986 e 1990 negociou com traficantes para que a campanha de Moreira Franco a governador do Rio pudesse ocorrer em favelas dominadas pelo tráfico, foi preso armado e dirigindo um carro roubado e foi um dos idealizadores do sequestro de Roberto Medina. Acabou morrendo assassinado em 1997.

Clique e veja o gol de Adílio que decidiu o Fla-Flu e a Taça Guanabara de 1984.

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