Amar na maturidade
Casais maduros agora querem sentir. Viagra e hormônios ao invés de bengalas

Infantilizar o idoso é de lei. Acham que a gente, por ter envelhecido, não sente mais nada. Vendo as redes me deparei com Pamela Anderson e Liam Neeson. Ela a bombshell sexy, ele o esquisitão. Agora juntos, aos beijos. Línguas, abraços, amassos. Ela tem 58 anos, ele 73. Já sei… vai dizer que é Hollywood. Engano seu. Na festa Kikando, balada dancing para os 60+ que acontece no Rio de Janeiro, vejo chamegos em meio a rodopios ao som discoteca. Começa com olhares, depois – na pista – vão se chegando e, como não há tempo a perder, as bocas se encontram, os corpos se aproximam. Se depois vai rolar uma transa, isso já não sei. Mas estamos aptos a sentir, arfar, corar. A sexualidade do povo sexagenário é muito pouco debatida. Como se houvesse uma despedida natural dos corpos na horizontal. Nessa era todes, só os jovens parecem ter vez. Está com nada. Com a reposição hormonal mais bem difundida, os Viagras fazendo o mundo ficar azul, os casais grisalhos estão repensando a sexualidade. Não querem mais a mesma transa. Querem mais intimidade e menos performance. Dedos e línguas tem valoração maior do que o carro na garagem se é que me faço entender. Agora amar é verbo imperativo nos desejos, sobretudo das mulheres. Elas não querem mais servir. As que nunca tiveram um orgasmo, resolvem isso com os vibradores. Tem plug anal, pomada que faz o pênis tremer, tem calcinha comestível e um monte de novidades, mas os mais velhos querem é um bom vinho, um ótimo papo, um rolê intenso e, se rolar o acasalamento completo, é Fla Flu. Dia de comemorar. Sempre animada, penso com meus botões. É muito bom envelhecer nesta época e, eu que acabo de virar 61 anos, tô me achando uma garota no sentir. Posso estar flácida e não ter mais aquele estrogênio todo, mas o pulso ainda pulsa. E eu convido você a rever suas relações mais calientes. Tá valendo? Porque não é sobre idade, é sobre qualidade de vida. Uma amiga me ensinou que em matéria de amor na maturidade, vale trocar o sinto muito pelo SINTO MUITO. Em letras maiúsculas e em plena potência do sentir. Jura que você vai ficar no zero a zero?