Alerj: Rio pode ter o Dia de Exu no calendário oficial
Na tradição iorubá, ele é considerado o senhor das encruzilhadas, da comunicação, do movimento e da transformação

Depois de a Alerj aprovar projeto de lei que reconhece Jesus Cristo como “Guardião do Estado do Rio” (à espera da assinatura do governador Cláudio Castro), agora começaram a discutir um projeto que pode instituir oficialmente o Dia de Exu no calendário fluminense, em proposta do deputado Átila Nunes, que escolhe o dia 13 de junho para homenagear o orixá.
A data escolhida é a mesma de Santo Antônio, que aparece nas religiões de matrizes africanas, associado com Ogum ou Exu, dependendo do lugar.
“Queremos reparar uma injustiça simbólica e histórica. Exu é associado à comunicação, à transformação e à ligação entre os mundos. Foi transformado em símbolo de medo e preconceito por pura ignorância e racismo”, afirma Átila Nunes.
Segundo o texto, a proposta também está alinhada com a Constituição Federal, o Estatuto da Igualdade Racial e a Constituição Estadual, que garantem o direito ao livre exercício da fé. A iniciativa é parte de um movimento mais amplo de enfrentamento à intolerância religiosa no Brasil, onde os terreiros ainda são alvos frequentes de ataques e discriminação.
Pelos dados do Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP-RJ), divulgados em 2024, mais de 2.700 pessoas foram vítimas de crimes relacionados à intolerância religiosa, sendo a maioria praticantes de religiões de matriz africana, como o candomblé, a umbanda e os cultos de orixás.
Exu, na tradição iorubá, não é uma figura do mal, mas considerado o senhor das encruzilhadas, da comunicação, do movimento e da transformação, e é ele quem abre os caminhos e estabelece a ponte entre o mundo espiritual e o mundo terreno.