Claudia Matarazzo: “As maldades de Odete não são maldades”
Débora Bloch descreve Odete Roitman, sua personagem em "Vale Tudo", como uma personagem que representa a "elite do atraso"

Sobre a elegância de Odete Roitman, não falando no sentido de figurino, de decotes, de maquiagem, de um dedinho de raiz, não! Vai bem além de um perfume contundente ou de uma bunda marcada, digamos assim.
Convidada, a consultora de comportamento Cláudia Matarazzo comenta: “Odete, do ponto de vista de etiqueta e educação, é impecável, tem a base, procura, de certa forma, pôr em prática, embora ela sofra o ônus de ter que levar nas costas, a empresa, a família (que é toda disfunção), dois filhos inúteis, a filha complicadíssima, o filho um tonto, a irmã que não trabalha e é fraquinha. Ela lida com as questões práticas e também mais modernas de uma mulher, como a liberdade de ter um namorado, de viajar, seja ele mais novo ou mais velho, enfim uma vida amorosa livre. Essa é a graça da personagem que Débora Bloch leva muito bem. Ela tem as fragilidades e a força, tem essa dualidade. As maldades dela de vilania não são maldades — são hoje o que a gente acha normal, pois vivemos num mundo muito pouco amigável e pouco tolerante. Nós ficamos muito mais agressivos. Nos anos 80, esse tipo de coisa soava terrível; hoje há certos tabus que a gente já está conversando, já está resolvido.”
Débora Bloch descreve Odete Roitman, sua personagem em “Vale Tudo” como uma personagem que representa a “elite do atraso”, com um pensamento que contribui para a desigualdade social e a inversão de valores no Brasil, mas também que tem “muitas camadas”.
