Arranque!: a cultura dos “paredões” chega mais uma vez ao CCBB
Festival dedicado ao som automotivo leva shows, filmes e debates gratuitos ao Centro do Rio.

É um som potente, que vem das imensas caixas de som que ecoam nas ruas, vielas e estradas do Brasil. A sound system, ou cultura do paredão, é uma modalidade de música com grandes equipamentos de som nas ruas, muito popular em estados como o Maranhã e o Pará, por exemplo, e que chega mais uma vez para ocupar o CCBB, conectando territórios e principalmente periferias.
O Arranque! acontece nesta sexta (18) e amanhã, sábado (19), como uma edição mais enxuta do Festival Paredão Ocupa o Museu, realizado no ano passado e que foi um sucesso. A programação musical traz representantes de diferentes lugares e estilos, criando um verdadeiro panorama sonoro.
Com programação totalmente gratuita, acontece tanto nos espaços internos e externos do CCBB, com shows, mostra de filmes e ciclos de debates. Serão 16 atrações musicais de diferentes regiões brasileiras em Paredões de Som Automotivo, que ocuparão o CCBB com formatos inusitados de caixas acústicas.
A abertura aconteceu na quinta-feira (17), com Valesca Popozuda (RJ), ícone do funk, e outros artistas consagrados Brasil a fora. E segue neste fim de semana com artistas inéditos em solo carioca como a super poderosa DJ Méury (PA), uma das maiores representantes femininas do tecnomelody. Completam a programação Paulilo Paredão (BA), DJ Boneka (PE), DJ Jeffdepl (PI) e DJ Brunoso (MA) que sobem ao palco ao lado de destaques como a artista queer maranhense Emme Paixão (MA), Carlos do Complexo (RJ), Jéssica Salty (RJ), Cabra Guaraná (DF). Os shows acontecem a partir de 21h e a retirada de ingressos é pelo site do CCBB.
A programação inclui ainda exibição de filmes – nove curtas e um longa-metragem – e mesas de debate. Entre os temas estão o direito à cidade, os sons como identidade e o mapeamento cultural através da música que evidenciam o papel dos paredões automotivos como expressão cultural de periferias e interiores do país.
A primeira edição do Festival Paredão Ocupa o Museu, realizada em 2024 no CCBB Rio, atraiu cerca de 9 mil visitantes e se firmou como uma potente plataforma de intercâmbio entre expressões culturais periféricas e do interior do Brasil. A programação reuniu grandes estruturas sonoras e diferentes musicalidades — do tecnobrega paraense ao funk carioca — em uma experiência imersiva que combinou música, dança, projeções audiovisuais e comidas típicas. A edição atual é uma edição especial, com recorte reduzido e foco no som automotivo, não está sendo considerada uma nova edição do festival, mas sim uma ação pontual.

Mostra de Cinema
O festival também exibe curtas e um longa-metragem que exploram o som automotivo como manifestação cultural e política em diferentes regiões do Brasil. A mostra de cinema será aberta com o documentário Terror Mandelão, de Felipe Larozza e GG Albuquerque, que revela os bastidores da cena automotiva e a ascensão de nomes como DJ K, o Bruxo, em São Paulo. O curta Fluxo também se passa na capital paulista e retrata o baile funk como espaço de identidade e resistência para a juventude periférica, além do filme Beat é Protesto, que traz o funk através da ótica feminina.
Do Norte do país, o destaque é Raízes amplificadas: Technobrega em Belém, produção que traça uma breve história das tradicionais aparelhagens sonoras do Pará e sua importância na cultura tecnobrega. Já no Nordeste, o som dos paredões aparece sob múltiplos olhares: Maremoto, curta ficcional do Rio Grande do Norte, insere os paredões no contexto de uma trama de juventude; Eleição é Festa, de Aracaju, mostra o uso dos carros de som em campanhas políticas inusitadas protagonizadas por personagens como Batman e Robin; e O Homem que Era Luz, da Bahia, narra a história emocionante de um inventor de trio elétrico, revelando a potência sonora como forma de celebração e identidade regional. O Sul também marca presença com Auto Som Pia, curta que apresenta um panorama do som automotivo no Paraná, abordando a cena local com olhar documental e sensível. Em conjunto, os filmes da mostra evidenciam como os sistemas sonoros — de paredões a trios — são ferramentas de expressão, resistência e pertencimento em diversos territórios brasileiros.
Confira a Programação detalhada nas redes sociais do Festival Paredão.