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Rita Fernandes

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Um olhar sobre a cultura e o carnaval carioca

Feira das Yabás completa 15 anos e tem show de Leci Brandão

Projeto idealizado por Marquinhos de Oswaldo Cruz terá três edições especiais em março, abril e maio, com debates, samba e gastronomia ancestral

Por Rita Fernandes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
10 mar 2023, 12h21
Feira das Yabás comemora 15 anos de tradição da gastronomia das "tias" do samba.
Feira das Yabás comemora 15 anos de tradição da gastronomia das "tias" do samba. (Divulgação/Divulgação)
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“Yabá” quer dizer “Mãe Rainha”. E é festejando as mães rainhas e todas as mulheres nessa semana que celebra o Dia Internacional da Mulher que Marquinhos de Oswaldo Cruz realiza, no domingo (12), mais uma edição da Feira das Yabás. Essa vem recheada de motivos para comemorar. O projeto completa 15 anos e mais de uma centena de edições históricas, enaltecendo a cultura, a ancestralidade e as tradições ligadas ao universo dessas mulheres negras, suburbanas, que representam a essência das rainhas Yabás.

Serão três meses de comemorações, com início agora em março, e, nas três edições até maio, uma programação para lá de especial. O domingo começa com uma roda de conversa, às 14h, sobre “a Mulher Negra e o Mercado de Trabalho”, com a jornalista Flávia Oliveira, colunista do jornal O Globo e comentarista do canal Globonews, e com a Helena Theodoro, autora e pós-doutora em história que em suas pesquisas se debruça sobre a temática da cultura e religião afro-brasileiras. As duas discutirão o contexto histórico, possibilidades e desafios que as mulheres negras enfrentam no mercado de trabalho do Brasil.

A programação segue com a roda de samba de Marquinhos de Oswaldo Cruz que, em seguida, recebe a convidada Leci Brandão. Para Marquinhos, Leci é uma das mulheres mais importantes do universo do samba. “Ela merece todas as homenagens”, diz.

A edição de abril será sobre “Empreendedorismo e mulheres negras”. Além disso, haverá uma homenagem ao choro, ritmo cuja celebração acontece sempre nesse mês. Em maio, para celebrar o aniversário da Feira das Yabás, a temática vai girar em torno do que é ser uma Yabá no Brasil e haverá uma grande comemoração pelos 15 anos do projeto.

Feira das Yabás completa 15 anos e tem show de Leci Brandão
A Praça Paulo da Portela recria os quintais das grandes matriarcas, as Yabás ou Tias do Samba (Divulgação/Divulgação)
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Gastronomia e samba na rua

A Feira acontece uma vez por mês na Praça Paulo da Portela, sempre no segundo domingo, em frente à Portelinha, antiga sede da escola azul e branca de Madureira. A praça recria os quintais das grandes matriarcas do samba, as Yabás ou Tias, que costumavam alimentar os sambistas que frequentavam seus quintais com versos de samba. Ali o forte é a culinária, com comidas tipicamente brasileiras e com um toque africano. Tem rabada, mocotó, abóbora com camarão, frango com quiabo, jiló frito e a carioquíssima feijoada.

Além da culinária, integra a Feira das Yabás uma das mais importantes rodas de samba da cidade. Declarada Patrimônio Cultural Imaterial do estado do Rio de Janeiro em 2018 e, recentemente, da Cidade do Rio de Janeiro também, a Feira das Yabás teve sua primeira edição em 2008, idealizada por Marquinhos de Oswaldo Cruz, que resolveu cantar seus sambas na quadra da Portelinha, quando era servida macarronada com carne assada. A partir daí, a feira foi crescendo, saiu da quadra para a praça e incorporou a culinária de origem africana, típica do subúrbio carioca e das rodas de samba.

“Tinha uma macarronada na quadra da Portela e tinha uma roda de samba, lembrando Paulo da Portela. Era a macarronada com carne assada da Tia Edith e o feijão da Neide Santana. E as tias que frequentavam, cada uma com ciúmes da outra. Aí eu resolvi fazer uma roda de samba na rua e saí pesquisando tudo quanto era comida de samba que eu já tinha comido e daí surgiu a ideia da Feira das Yabás. E ver 15 anos depois essa ideia se tornar patrimônio da cidade e do estado é muita alegria!”, comemora Marquinhos de Oswaldo Cruz.

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Rita Fernandes é jornalista, escritora, presidente da Sebastiana e pesquisadora de cultura e carnaval.

 

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