O retorno do MIMO Festival e a pauta LGBT no Cine Diversidade
Fim de semana com muita música boa, filmes temáticos e documentários, workshops e troca de ideias, com a realização de dois festivais digitais importantes
Há muito tempo sou frequentadora assídua do MIMO, seja em Olinda, no Rio ou em Paraty. É, sem sombra de dúvida, um dos melhores e mais importantes festivais do país, que nos apresenta o que há de melhor na música instrumental e de vanguarda, brasileira e internacional, com a curadoria ímpar e direção artística de Lu Araujo. Sem contar o encantamento dos lugares onde geralmente é realizado, verdadeiros patrimônios históricos e culturais. Me lembro com saudades da edição na Praça Paris, aqui no Rio, e da última edição presencial em Olinda, em 2019, quando a gente ainda podia se aglomerar.
Depois da ausência em 2020, por conta da pandemia, quando então não pode ser realizado, agora o festival se ajusta ao novo formato digital, mas com a mesma força e line-up que só aumentam o nosso desejo de que um dia a gente possa, de novo, se reunir em lugares públicos em torno da boa música. Mas, por enquanto, será apenas no mundo virtual.
O MIMO Digital acontece pelo Youtube e traz shows inéditos e exclusivos, filmes, palestras e workshops. E reserva uma novidade: dedicará um dia para cada cidade que faz parte de seu roteiro presencial, com shows de imagens que vão remeter a outros anos do festival. O MIMO São Paulo acontece no dia 26 de março (sexta), o MIMO Rio de Janeiro em 27 de março (sábado) e o MIMO Olinda em 28 de março (domingo).
Abrindo as apresentações do primeiro dia, a jovem e talentosa Duda Brack. Depois, a paulista Cida Moreira que aproveita para lançar em primeira mão o álbum “Um copo de veneno”, seguida do cantor pernambucano Otto, que revisita mais de duas décadas de música em seu novo show.
No segundo dia, Luciane Dom traz seu clima enérgico para o palco e seu estilo, que reúne música brasileira com reggae, sons do candomblé e sua visão moderna do jazz. O irreverente e cheio de atitude Caio Prado, mostra um trabalho de música popular brasileira contemporânea. Pedro Luís vem com sua emotiva interpretação de Luiz Melodia, a quem presta homenagem com releituras de suas músicas. O trio Tuyo sobe ao palco fundindo texturas eletrônicas com temáticas existenciais. E, encerrando, a cantora baiana Luejdi Luna apresenta seu novo álbum, “Bom mesmo é estar debaixo d’água”.
No terceiro e último dia, a pernambucana Natascha Falcão faz a performance de pré-lançamento do álbum “Ave Mulher”, que traz o coco urbano do Recife – mas também xote, ciranda, boemia e macumba, com texturas, timbres e beats eletrônicos. E nesse dia tem Almerio, que sobe ao palco com toda a força de sua voz e performance. Uma novidade já anunciada por ele em suas redes sociais é o novo disco com interpretação das canções de Cazuza, no qual tem o privilégio de cantar “Brasil” ao lado de Ney Matogrosso. Vai ser disco pra gente ouvir de joelhos, agradecendo a Biscoito Fino e a Parças do Bem por essa imensa oportunidade.
Dando sequência, Zé Manoel apresenta o álbum “Do meu coração nu”, com produção musical de Luisão Pereira. Encerrando com chave de ouro, o MIMO apresenta um show exclusivo, gravado em Paris, do coletivo francês Nouvelle Vague, que criou um estilo único e conta com uma legião de fãs pelo mundo.
Agitando a pista entre os shows, o VJ e DJ Montano levará ao palco projeções de imagens e sua mistura de ritmos como o samba-jazz, maracatu, latin groove, Tropicália, soul music, afrobeat, ska, acid jazz e funk.
Além das atrações musicais, o evento terá ainda workshops, Fórum de Ideias e o já tradicional Festival MIMO de Cinema, com apresentação de sete filmes durante os três dias de evento através da plataforma Vimeo: https://www.vimeo.com/mimofestival (VOD) .
Para conferir toda a programação, que mesmo no digital se mantém totalmente gratuita, basta acessar https://www.youtube.com/channel/UCx7Lun9W8-EkjXnEQri_CfA
Festival de Diversidade
Outra super dica é a 4ª Edição do “Cine Diversidade – gênero e sexualidade no cinema”, mostra de curtas-metragens independentes brasileiros sobre gênero e sexualidade. Temática mais que importante, para levar cada vez mais o debate a múltiplos públicos e ajudar a quebrar as barreiras do preconceito. A iniciativa, que tem como objetivos desconstruir tabus, colocar em pauta questões de visibilidade, protagonismo e empoderamento de mulheres e LGBTs vai exibir até o dia 26 de março, sábado, os 60 filmes selecionados no Youtube da Coletiva DELAS, realizadora do projeto junto à plataforma Freelas.
Ao todo, o festival recebeu mais de 190 inscrições de filmes de todo o Brasil. Assim como ocorreu nas últimas edições, os escolhidos concorrem a uma premiação decidida a partir de voto popular. O mais votado receberá R$1.000,00, um curso completo sobre soft skills e inovação para profissionais criativos e um desconto de 10% para a contratação de um serviço criativo na plataforma Freelas. O segundo e terceiro mais votados receberão um prêmio de R$500,00, o curso completo de soft skills e inovação e um desconto de 5% .
A Mostra “Cine Diversidade – gênero e sexualidade no cinema” já ocorreu no Centro de Artes da Maré, na Escola de Cinema Darcy Ribeiro, na Fundição Progresso, no IFRJ, no Festival LGBT de Favelas, na Arena Dicró e em 2020 teve sua 3ª edição também realizada on-line. Nesta edição também será realizada a live “Como bombar nas redes”, com a atriz e influencer digital Gabriela Loran e três oficinas gratuitas: “Criando Narrativas Diversas”, “Indústria Audiovisual e Representatividade LGBTI+” e “Bora de live, gurias?”.
Para se inscrever, basta acessar https://bit.ly/MOSTRACineDiversidade e garantir o ingresso. As vagas são limitadas.
Rita Fernandes é jornalista, escritora, roteirista, pesquisadora de cultura e carnaval.