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Rita Fernandes

Por Rita Fernandes, jornalista Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Um olhar sobre a cultura e o carnaval carioca

“Nós combinamos de não morrer”: a obra de Fessal no Parque da Cidade

Com pinturas, desenhos, instalação, vídeo e programação, exposição convida a passeio no Museu Histórico da Cidade.

Por Rita Fernandes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 9 jul 2025, 19h22 - Publicado em 9 jul 2025, 17h02
A exposição "Nós combinamos de não morrer", de Fessal, no Parque da Cidade.
A exposição "Nós combinamos de não morrer", de Fessal, no Parque da Cidade (Fabio Costa/Divulgação)
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Dia desses me aventurei na exposição “Nós Combinamos de Não Morrer”, do artista plástico Fessal, no Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro, na Gávea, cujo título é inspirado em um conto do livro Olhos D’Água, de Conceição Evaristo . Há muito não visitava o Parque, local tão perto e às vezes tão esquecido nesse nosso dia-a-dia de morador. A visita é uma delícia de programa, com obras entre desenhos e pinturas, vídeo e instalação, e propõe reflexão com imagens sensíveis que combinam formas humanas e vegetações. Como uma espécie de “acordo invisível”, Fessal traz um diálogo poético e político sobre a interdependência do ser com o planeta, a urgência de repensar o consumo e o espaço que ocupamos, e propõe um pacto existencial: estamos — de fato — “combinando de não morrer”?

Logo na chegada, o visitante se depara com uma sala imersiva, obra feita ali mesmo. É uma sala vermelha que parece nos levar ao interior do nosso próprio corpo, com seus líquidos e movimentos. Dali segue-se para o segundo andar, onde em vídeo Fessal fala sobre as cores, sua relação com o processo criativo, sobre Rosa, sua mãe, e inspirações, dores e dificuldades de início da carreira, mostrando suas conexões mais profundas. Rosa é o ser “encantado”, super presente na vida e obra de Fessal, encantado como ele próprio.

“As mulheres dão luz e sentido à vida, por sorte tive uma mãe com um cuidado e carinho sútil e potente, a ponto de passar isso adiante. Carrego comigo esse cuidado dela, em tudo que faço, sejam em coisas visíveis ou mesmo aquelas muito particulares, que só nos sabemos. É um cuidado e dedicação no fazer das coisas, que quem se aproxima começa a sentir ”, diz Fessal.

O artista plástico Fessal em seu atelier, em Santa Teresa.
O artista plástico Fessal em seu atelier, em Santa Teresa. (Fabio Costa/Divulgação)

Com curadoria sensível de Ananda Banatto e dividida em três pavimentos, a mostra ao mesmo provoca e desperta o olhar atencioso, em suas múltiplas cores e formas, apresentando incertezas e esperanças de um jovem artista que já viveu muitas coisas. É um programa para se degustar calmamente, aproveitando inclusive o café que tem ali, no museu, além de toda a exuberância da vegetação local.

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“A vida avança neste espaço orgânico e impermanente, entre incertezas e esperanças, a estrutura física e a memória coexistem em contínua regeneração. É uma espécie de contrato entre os organismos, não importa a crença, cultura ou lugar no mundo. É um acordo da existência, sabe-se lá com quem ou o que, tudo sempre se reconstrói e vai adiante. Assim, seguimos um combinado, e esse combinado é de não morrer”, completa.

Além da mostra principal, o projeto inclui uma programação paralela durante os três meses de exibição, até setembro. Oficinas, rodas de conversa, intervenções artísticas e ações educativas prometem envolver a comunidade local, os visitantes do museu e os frequentadores do Parque da Cidade, fortalecendo o diálogo entre arte, meio ambiente, política e cultura comunitária.

Atelier: um portal para outra dimensão

O artista, que nasceu em Itaipava e estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, com orientação do professor Charles Watson, já realizou 12 exposições individuais. Seu ateliê, no Largo das Neves, em Santa Teresa, é um espaço delicioso de arte, mas também de conversas e de experimentações, em encontros pra lá de especiais. Além de conhecer sua obra, ali também é lugar de conversas intermináveis sobre a vida, sobre a natureza, sobre a humanidade. É esquecer o compasso das horas, atravessar um portal para uma dimensão em que nada do mundo frenético de uma cidade como Rio de Janeiro faz muito sentido. Falo de experiencia própria. Quando me aventurei, recentemente, desliguei do celular e do mundo externo a ponto de causar preocupação. Foram cinco horas mergulhada nesse universo paralelo que recomendo a todos vocês. O ateliê Fessal tem uma agenda aberta para visitação e pode ser acessada pelo site.

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Para conhecer mais e se programar, o link da página da exposição é
https://www.fessal.com/nos-combinamos-de-nao-morrer

 

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