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Rita Fernandes

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Um olhar sobre a cultura e o carnaval carioca

Senhora das Canções: a homenagem de Mônica Salmaso à Divina Elizeth

Depois de adiado por dois anos, projeto que celebra o centenário de Elizeth Cardoso será apresentado ao público carioca

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Atualizado em 5 jul 2022, 19h41 - Publicado em 5 jul 2022, 19h38
Mônica Salmaso (Da Pa Virada | Dani Gurgel/Divulgação)
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Quem ouve Mônica Salmaso não esquece. Pelo timbre da voz, pela suavidade, pelo repertório e por tudo que ela é. Eu a conheci nos anos 2000, no Mercado Cultural, em Salvador, um projeto de música que tinha a curadoria excepcional de Benjamim Taubkin, responsável por me apresentar à delicadeza daquela cantora.

Vinte anos depois, me reencontrei com ela nas lives que passaram a ocupar parte do meu tempo na pandemia da Covid-19. Chamadas de “Ô de Casa”, elas “recebiam” ali na rede social,  a cada dia, um artista diferente. Por aquela janela virtual, única possível no meio de tanta dor, Monica mostrou seu rosto e sua voz ao mundo. E arrebatou de vez os brasileiros, com sua alma lírica e sensível, voz afinada e suave, e um repertório de tirar o fôlego e de deixar a gente sem saber qual dos episódios era o melhor.

Agora, Mônica estará presencialmente no Rio, no Teatro Riachuelo. Amanhã à noite, apresenta show ainda inédito Senhora das Canções – uma homenagem a Elizeth, em comemoração ao centenário de Elizeth Cardoso.

“Esse projeto nasceu da minha vontade de fazer alguma coisa com essa turma do Rio de Janeiro, que é a turma que realiza o que eu chamo de milagres, que são a Casa do Choro e a Escola Portátil de Música. São amigos, professores, músicos da maior importância para a formação de músicos do Rio. Eu conheço a Luciana Rabello e o Mauricio Carrilho há muito tempo. E quando eu vi a apresentação dos alunos da Escola tocando juntos uma certa vez, fiquei muito emocionada e pensei: quero fazer alguma coisa com eles”, conta Monica.

A ideia foi sendo germinada com o músico Paulo Aragão, que também é professor da Escola Portátil e já havia tocado com ela. “Reunimos tudo, a vontade de fazer algo juntos, a ideia de homenagear Elizeth…tudo vinha de um namoro antigo. O Paulo começou a trabalhar nos arranjos, fechamos as músicas, ensaiamos e estava tudo pronto, quando veio a pandemia e tivemos que cancelar a estreia. Mas ficou uma vontade imensa de fazer. Agora é um alívio! Porque ficou um desejo represado, de um trabalho feito e não mostrado”, conta.

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Homenagem a Elizeth, a Divina

Senhora das Canções estava programado e pronto para acontecer em 2020, no ano do centenário de Elizeth, quando veio a pandemia e o projeto precisou ser adiado. Dois anos depois, perto de mais um aniversário da cantora (comemorado em 16 de julho), a homenagem finalmente será apresentada ao público.

A Divina, como Elizeth ficou conhecida, começou no rádio nos anos 1940, atuou intensamente na cena fonográfica dos anos 1960 e 1970. Participou de importantes espetáculos musicais e cantou até o fim da vida, em 1990. Brilhou no choro, no samba, no samba-canção, na música romântica, teve papel importante nos primórdios da Bossa Nova.

A ideia de homenageá-la em um show e de revisitar seu extenso legado surgiu de uma visita de Mônica Salmaso à Casa do Choro, no Rio de Janeiro, e do encontro com Luciana Rabello (cavaquinho) e Mauricio Carrilho (violão de 7 cordas), não por acaso músicos que atuaram ao lado de Elizeth na década de 1980. A eles se juntaram Paulo Aragão (violão, direção musical e arranjos), Aquiles Moraes (trompete), Magno Julio e Marcus Thadeu (percussão).

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A partir daí, um mergulho na extensa discografia levou ao repertório que será apresentado, com um passeio pelos muitos caminhos musicais percorridos por Elizeth: sambas gravados nas décadas de 1950 (“Seresteiro” de Raul Moreno, Renato Lima e Zé Keti); sambas-canções de discos antológicos como “Canção do amor demais” e “Elizeth interpreta Vinícius”, clássicos que ela visitou (“Violão Vadio”, de Baden Powell e Paulo César Pinheiro, “Sei lá, Mangueira”, de Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho), pérolas esquecidas (“A mentira acaba”, de Rui de Almeida e Arnô Provenzano) e até mesmo uma rara composição da cantora (“Se as estrelas falassem”).

Além do Senhora das Canções, a cantora fará turnê com Chico Buarque.
Além do Senhora das Canções, a cantora fará turnê com Chico Buarque (Divulgação/Divulgação)

Turnê com Chico Buarque: “presente da vida”

No meio de tudo isso, para a felicidade dela e principalmente dos fãs, Mônica foi convidada e vai participar de toda a turnê de lançamento do novo disco de Chico Buarque, que começa em setembro, em João Pessoa, e desembarca no Rio em Janeiro de 2023.

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“É um presente inacreditável da vida. Nem nos meus sonhos mais alucinados eu poderia supor que isso pudesse acontecer. Pelo tamanho do artista que o Chico é, por tudo que ele representa. É um presente que eu recebo da vida, que me diz que eu fiz um caminho legal”, fala, cheia de emoção.

“Eu estou com frio na barriga. É de enorme responsabilidade porque o Chico representa pra mim uma coisa muito importante. Ele é parte não só da minha formação musical, mas da minha formação emocional. Eu cresci ouvindo Chico. Muito antes de cantar, eu entendi emoções ouvindo discos dele que tinha na minha casa quando eu era criança. Esse é o tamanho do Chico que mora em mim. Eu cresci e sigo vivendo através da música dele, e esse é o tamanho do meu presente”, finaliza Mônica Salmaso.

Rita Fernandes é jornalista, escritora, presidente da Sebastiana e pesquisadora de cultura e carnaval.

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