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Teatro de Revista

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Espetáculos, personagens, bastidores e tudo mais sobre o que acontece na cena teatral carioca, pelo olhar do crítico da Veja Rio

Möeller e Botelho falam sobre seus próximos musicais

No último dia 18, o diretor Charles Möeller postou em seu perfil no Facebook uma mensagem ao mesmo tempo eufórica e enigmática. Nela, contava que ele e Claudio Botelho, seu parceiro na direção de musicais há mais de vinte anos, haviam comprado os direitos de um espetáculo. Em suas próprias palavras: “Acabamos de adquirir os […]

Por rafaelteixeira
Atualizado em 25 fev 2017, 19h09 - Publicado em 26 abr 2013, 17h20
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No último dia 18, o diretor Charles Möeller postou em seu perfil no Facebook uma mensagem ao mesmo tempo eufórica e enigmática. Nela, contava que ele e Claudio Botelho, seu parceiro na direção de musicais há mais de vinte anos, haviam comprado os direitos de um espetáculo. Em suas próprias palavras: “Acabamos de adquirir os direitos de um dos musicais que mais AMO de todos os tempos. (…) Eu e Claudio estamos no CÉU.” Como ele não dizia qual era o musical em questão, foi o que bastou para que a área de comentários fosse dominada por um verdadeiro bolão de apostas. Com exclusividade ao blog, Möeller e Botelho contaram, afinal, qual é a peça em questão, e aproveitaram para falar sobre a próxima montagem da dupla. Confira:

VEJA RIO: Afinal, qual é o musical que vocês compraram?

CHARLES MÖELLER: O musical se chama Pippin. É  de 1972, com música e letra do genial Stephen Schwartz, o mesmo de Godspell  (1971) e Wicked (2003), e  colaborador constante em desenhos da Disney, como Pocahontas, O Corcunda de Notre Dame, O Príncipe do Egito e Encantada. Atualmente, ele está trabalhando em um musical chamado Houdini, com música de Danny Elfman, que vai ser estrelado pelo Hugh Jackman. Pippin é primo-irmão de The Fantasticks, de Candide e de tantos outros dessa época, inclusive do próprio Godspell, que usam a metalinguagem de atores de uma trupe encenando uma peça dentro da peça, com direito a um  narrador, mestre de cerimônias. Se pensarmos assim, Cabaret e Chicago também têm essa linguagem. A peça começa com uma trupe de atores vestidos com roupar de épocas distintas, como se representassem fantasmas de teatros de todos os tempos, e com um mestre de cerimônias. Eles contarão a história de um príncipe chamado Pippin. Ele não é um jovem comum, é inquieto, quer mais do que a vida de príncipe herdeiro tem pra oferecer, quer uma vida extraordinária. Ele tem uma relação absolutamente distante do pai, Charles, mesmo sendo ele o primeiro na linha de sucessão. Os dois mal se comunicam, porque o rei está sempre às voltas com as guerras, soldados, corte, nobres e cortesãs. Sua madrasta, percebendo o desconforto de comunicação entre eles, falsamente se aproxima de Pippin, pois ela tem um filho, o segundo na linha de sucessão, um canalha e ambicioso como a mãe. Acho lindo, um protagonista existencialista, pois ele tem tudo, mas está à procura do significado real da vida.

VEJA RIO: E como vocês chegaram a esse musical? Vocês viram alguma montagem atualmente em cartaz e se interessaram ou o interesse já era antigo?

CLAUDIO BOTELHO: A montagem que nós vimos, e que suponho que todo amante dos musicais viu, é a versão em vídeo da montagem original, com Ben Vereen no papel do apresentador, William Katt como Pippin, e Chita Rivera como a Madrasta.

CHARLES MÖELLER: Meu interesse vem de garoto. Eu tinha 18 anos em 1985, quando conheci o genial diretor Flávio Rangel através da sua esposa, Ariclê Perez, que eu conheci em uma leitura de peça. Ela gostou muito de mim, e uma dia fui ao apartamento deles em Higienópolis. Eu não sabia que ela casada como o  Flávio Rangel e tive um ataque de tiete, disse que era fã dele. Ele tomou café conosco, contou muitas historias  incríveis, ficou me olhando e, de repente, perguntou: “Você canta?” Eu respondi: “Canto.” Daí ele veio com um LP de Pippin, pôs para a gente ouvir e me disse: “Isso é papel para você! Você  é igual ao rapaz que fazia na Broadway, William Katt.” Um dia a Ariclê me ligou com aquela vozinha suave dela, dizendo que tinha um presentinho para mim. Era uma cópia do texto e uma fita cassete com as músicas do disco. Bem mais  tarde, ganhei de aniversário de um amigo  uma fita de vídeo profissional com a montagem filmada, feita por uma TV do Canadá, mas muito editada. O próprio Bob Fosse (diretor da montagem original) havia odiado o resultado! Mas eu amei! Tentei montar muitas vezes, sei tudo de cor!

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VEJA RIO: Há alguma montagem desse musical atualmente em cartaz? Vocês viram?

CLAUDIO BOTELHO: Fui assistir na semana retrasada à remontagem do musical, com direção de Diane Paulus, que também recentemente trouxe de volta Hair e Porgy & Bess para a Broadway, com nova leitura de ambos. Confesso que fui com a pulga atrás da orelha, pois revivals de grandes clássicos podem ser uma grande decepção para quem conhece bem as montagens originais. Mas o que vi em cena é extremamente criativo, vivo, exuberante, uma nova leitura que respeita o material, e mais que isso: saí de lá com a certeza de que Pippin não é nada datado, é atual, eterno, como todo clássico. E ao ouvir as canções novamente ali, todas juntas e ao vivo, entendi que este é o melhor score de Stephen Schwartz. Fiquei fascinado com as canções, confesso que nunca tinha entendido o quanto eram boas. No dia seguinte, procurei o agente dos direitos e fechei um contrato para fazermos no Brasil.

VEJA RIO: Pippin já foi montado no Brasil?

CLAUDIO BOTELHO: Sim, com grande sucesso. Tinha Marília Pêra, Marco Nanini, Tetê Medina, Ronaldo Resedá e Carlos Kroeber no elenco. Não assisti, pois isso foi nos anos 70, eu acho, mas até hoje ouço gente falando da montagem, que teve seguidores, gente que ia ao teatro todo dia pra assistir.

CHARLES MÖELLER: Eu nunca vi, mais foi histórica.

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VEJA RIO: Há previsão de quando a montagem de vocês para esse musical estreia?

CLAUDIO BOTELHO: Como acabamos de fechar este contrato de licença dos direitos, não temos previsão ainda. Mas acontecerá até o final de 2014.

VEJA RIO: Vocês pretendem fazer audições ou vão adotar a fórmula de Como Vencer na Vida sem Fazer Força, convidando os atores?

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CHARLES MÖELLER: Ainda não sabemos, acho que será uma mescla de audições e convites, acho que essa é a formula mais acertada.

VEJA RIO: Antes de Pippin, qual será o próximo musical de vocês?

CLAUDIO BOTELHO: Temos Kiss me Kate e Dancin’ Days para estrear em breve. Ainda não sabemos qual será o primeiro, mas um ou outro ganhará a cena ainda em 2013. Dancin’ Days será escrito pelo Nelson Motta, com músicas da era da disco music, tanto brasileiras como estrangeiras. Como o texto não está pronto, ainda não estamos debruçados sobre este projeto de modo mais aprofundado.

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