Uma conversa com Dulce Lobo, mulher de Alcione Araújo, sobre a peça inédita do autor que ela produziu
Um dos mais importantes dramaturgos do país, autor do sucesso Doce Deleite (1981), Alcione Araújo continua, um ano depois de sua morte, tendo sua obra lembrada. Depois da excelente transposição para os palcos que a Cia OmondÉ fez do romance Nem Mesmo Todo o Oceano, com direção de Inez Viana, agora é a vez de […]
Um dos mais importantes dramaturgos do país, autor do sucesso Doce Deleite (1981), Alcione Araújo continua, um ano depois de sua morte, tendo sua obra lembrada. Depois da excelente transposição para os palcos que a Cia OmondÉ fez do romance Nem Mesmo Todo o Oceano, com direção de Inez Viana, agora é a vez de um texto inédito chegar à cena. Trata-se de Deixa que Eu te Ame, drama sobre dois casais que se encontram em um restaurante, onde vai se deflagrar uma noite de revelações. A estreia é no Teatro Eva Herz, dentro da Livraria Cultura do Cine Vitória, no Centro, na próxima sexta (8). No elenco estão Solange Badim, Paulo Tiefenthaler, Isabel Lobo, Paulo Giardini, Cândido Damm, Oscar Saraiva e Bella Camero. A idealizadora do projeto é Dulce Lobo, mulher do autor, que convidou a produtora Alice Cavalcante para, juntas, tocarem a montagem. A direção é de Aderbal Freire-Filho, que, de Alcione, também dirigiu Bente-Altas: Licença para Dois (1976).
O blog conversou com Dulce sobre o projeto. Confiram:
Como surgiu o texto?
A inspiração veio do diálogo ouvido por Alcione numa noite no restaurante Real Astória, onde ele jantava sempre, pois era na esquina da sua casa. Ele ficou tão surpreso com o pedido, “deixa que eu te ame”, e com o insólito da resposta, “deixo, se não me cobrar reciprocidade”! O texto vem do que ele imaginou como sendo a última noite do Real Astória antes de ser demolido.
Sem estragar surpresas, como a trama se desenrola a partir desse mote?
É o encontro de dois casais, dois irmãos e suas mulheres, que tiram a limpo suas histórias. Fala de política, vaidade, sonhos, frustrações e paixões. Se eu contar o final, estrago a surpresa, mas o que eu posso adiantar é que, embora o mote sejam os dois casais, o desfecho é surpreendente. Vá assistir que você não vai se arrepender.
Como foi a escolha do Aderbal para a direção?
Desde que Alcione escreveu a primeira versão do texto, a única coisa que ele tinha como certa era a direção do Aderbal.
Por que o texto só chega aos palcos agora, postumamente?
Alcione tentou montar, sempre quis muito, mas nunca aconteceu e entregou na minha mão esta tarefa. O maior desafio foi montá-la sem a presença dele ao meu lado. A dor de não ter o Alcione para ver o seu texto nos palcos é compensada pela alegria de ter conseguido montá-lo com tanta gente talentosa e parceira. O espetáculo está maravilhoso.